Greve de fome de Gross e Zunzuneo complicam tensa relação de Cuba e EUA

  • Por Agencia EFE
  • 09/04/2014 19h46
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Soledad Álvarez.

Havana, 9 abr (EFE).- A sempre tensa relação entre Cuba e Estados Unidos voltou a se complicar com a greve de fome de Alan Gross, o empresário condenado a 15 anos de prisão na ilha, e com o caso Zunzuneo, a rede social em celulares cubanos planejada por Washington que, embora já esteja inativa, segue criando polêmica.

O governo de Raúl Castro expressou nesta quarta-feira em uma nota oficial sua preocupação perante a notícia, conhecida na segunda-feira, da greve de fome que Gross iniciou para protestar por sua situação e para reivindicar a Cuba e EUA sua libertação.

Esse jejum forçado, no entanto, não alterou a posição do governo cubano, que insiste em sua disposição de buscar com os EUA uma solução ao caso do empresário, mas contemplando “as preocupações humanitárias de Cuba” sobre seus três agentes que seguem presos em prisões norte-americanas.

Segundo Havana, Alan Gross, de 64 anos, “está em boas condições físicas e sua saúde é normal e estável.

Na declaração oficial divulgada nesta quarta-feira, Cuba reitera que este cidadão americano “sempre recebeu um tratamento digno” na ilha, onde está recluso desde sua detenção em um hospital, “não porque sua situação de saúde assim requeira”, mas para garantir-lhe atendimento médico especializado.

Gross, terceirizado da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), foi detido em Cuba em 2009 e condenado 14 meses mais tarde a 15 anos de prisão por atividades subversivas financiadas por Washington por meio do emprego de sistemas de telecomunicações ilegais.

O governo americano nega essas acusações e sustenta que Gross só tentava proporcionar acesso “sem censura” à internet para “uma pequena comunidade religiosa” judaica na ilha.

O “caso Gross” é atualmente um dos principais focos de tensão entre os países, inimistados há mais de meio século, junto com a situação dos espiões cubanos condenados nos Estados Unidos e que Havana considera “heróis antiterroristas”.

Alan Gross começou sua greve de fome em 3 de abril, um dia depois que uma agência de notícias americana revelou que os EUA, mediante a Usaid, criaram a ZunZuneo, uma rede social de telefones celulares para promover a dissidência entre jovens da ilha.

Washington reconhece que esse projeto existiu, mas nega que o propósito fosse prejudicar o governo cubano, enquanto Havana considera essa plataforma já inativa como parte da estratégia “subversiva” americana contra a ilha.

O caso ZunZuneo teve uma ampla repercussão nos últimos dias em Cuba, onde hoje se voltou a falar do tema em entrevista coletiva oferecida por responsáveis do Ministério de Comunicações e da empresa de telecomunicações estatal Etecsa, que condenaram essa plataforma ilegal.

A Etecsa diz que detectou tráfego de mensagem “spam” a partir de setembro de 2009, durante o chamado Concerto pela Paz que aconteceu em Havana, em dias nos quais chegaram a ser registradas 300 mil mensagens desse tipo.

Cuba sustenta que a Zunzuneo não foi a única rede ilegal desse tipo e assegura que atualmente funcionam em Cuba projetos similares como a rede social Piramideo e as plataformas Martí Notícias, Diário de Cuba e Cubasincensura, entre outras.

Apesar dessas “campanhas” dos Estados Unidos contra a ilha, Havana assegura que seguirá adiante com seu plano para ampliar os serviços de telecomunicações à população, inclusive o acesso à internet em telefones celulares e em residências.

Em Cuba o acesso à internet está restrito e o governo da ilha privilegia seu uso social, apesar de nos últimos tempos ter ampliado o número de salas de navegação públicas (com tarifas caras para a maioria dos cubanos) e contar atualmente com 300 delas, número que aumentará para 500 durante este ano.

A ilha sempre culpou o bloqueio americano por seus problemas de conexão à internet, embora desde 2011 o país esteja conectado à fibra ótica mediante um cabo submarino estendido desde a Venezuela para multiplicar sua capacidade de acesso à rede. EFE

sam/rsd

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