Greve de professores colombianos completa 7 dias sem perspectiva de solução

  • Por Agencia EFE
  • 30/04/2015 00h13

Cynthia de Benito,

Bogotá, 29 abr (EFE).- Uma greve de professores da educação primária e secundária pública da Colômbia, que exigem melhorias salariais e outras reivindicações, completou nesta quarta-feira uma semana em meio a vários protestos sem nenhuma perspectiva de solução, enquanto 9 milhões de alunos seguem sem aulas.

A paralisação nacional, com manifestações nas ruas das capitais provinciais e municípios de todo país, começou após o desacordo entre a Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (Fecode) e o governo, após mais de 50 dias de espera por respostas.

São três os principais pedidos dos professores: melhoria salarial e do atendimento médico que recebem, além da eliminação de um exame que testa o conhecimento dos docentes para conceder promoções, prova que, garantem, se baseia em parâmetros injustos.

Atualmente, segundo dados da Fecode, um professor colombiano de ensino fundamental recebe em média US$ 500 (R$ 1.475). Se possuir mestrado e for promovido através do exame, pode receber um salário máximo de US$ 965 (R$ 2.850).

Junto às questões salariais, a Fedoce afirma que muitas escolas não têm a infraestrutura necessária para receber crianças e jovens, fato que está limitando o acesso dos mais pobres à educação, um dos três pilares, ao lado da paz e da igualdade, do segundo governo de Juan Manuel Santos.

O presidente estabeleceu como meta para seu segundo mandato (2014-2018) melhorar a qualidade da educação na Colômbia, considerada muito ruim segundo as provas sobre resolução de problemas financeiros do exame Pisa, o principal teste internacional de avaliação de estudantes, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em julho de 2014.

De 18 países que participaram desse teste, a Colômbia ficou em último. O que agravou uma situação vivida três meses antes, quando, em outra prova do Pisa, dessa vez de problemas lógicos, os alunos colombianos ficaram com a lanterna do ranking, entre estudantes de outros 44 países.

“Colocar a educação como um pilar sem recursos não faz sentido”, disse à Agência Efe o presidente da Fecode, Luis Grubert.

As negociações com o Ministério da Educação duraram 56 dias, período no qual não houve acordo “sobre um único ponto”. Por isso, os professores optaram pela greve como “um mecanismo de pressão sobre o governo”.

A ministra da Educação, Gina Parody, disse que foi proposto aos professores um aumento salarial de 10%, reajuste rejeitado pelo sindicato, que considerou o índice “insuficiente”. A ministra também considerou a postura dos docentes de “radical”.

Depois do fim do diálogo, cerca de 300 mil professores filiados há Fecode iniciaram há sete dias a paralisação, deixando 9 milhões de crianças sem aulas. Fora isso, a greve atrapalha também as famílias, além dos graves problemas de trânsito provocados pelos protestos realizados nas ruas das principais cidades do país.

Um cenário visto na última segunda-feira e hoje em Bogotá, capital da Colômbia, uma das cidades onde milhares de professores tomaram as ruas com bandeiras, balões brancos, camisas da seleção de futebol e cartazes dos colégios públicos nos quais trabalham.

Na manifestação desta quarta-feira, além disso, os professores fizeram um “panelaço” em frente à sede do Ministério da Educação, ao mesmo tempo em que mostravam em cartazes: “Sem educação não há aulas”.

O presidente da Fecode, que garantiu que os protestos e a greve continuarão até que as reinvindicações sejam atendidas, afirmou que o governo não entrou em contato com os professores desde o início do movimento. Por isso, eles estão recorrendo a mediadores, como o procurador-geral da República, para retomar as conversas.

Neste ponto, o governo é taxativo: só volta aos diálogos com o magistério se as crianças voltarem às salas de aula. EFE

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