Grupo liderado pela ONU exige transição civil em Burkina Fasso
Ouagadogou, 2 nov (EFE).- A missão conjunta das Nações Unidas, a União Africana (UA) e a Comissão da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao) exigiram neste domingo uma transição civil em Burkina Fasso após a renúncia do ex-presidente Blaise Compaoré, que ficou 27 anos no comando do país.
As organizações internacionais e regionais se opuseram assim à tomada do poder por parte do exército, que ontem designou como líder do processo transitório o “número dois” da guarda presidencial, Yacouba Isaac Zida, anunciou o chefe da missão conjunta, Mohammed Ibn Chambas, em entrevista coletiva em Ouagadogou.
O grupo, transferido para a capital de Burkina Fasso na última sexta-feira, defende uma transição que siga a ordem constitucional e seja liderada por um civil.
“Apesar da situação que o país vive, a missão pede a seus interlocutores nacionais e, sobretudo, à hierarquia militar que a transição seja de acordo com as normas constitucionais”, acrescentou Chambas, representante especial da ONU para o leste da África.
As três organizações se mostraram dispostas a trabalhar com todos os setores implicados para trazer de volta a ordem constitucional, sem chegar à aplicação de sanções. Elas insistiram também sobre a necessidade de se buscar uma solução rápida para o impasse, deixando o poder vazio o menor tempo possível.
Segundo Chambas, os militares que conversaram com a missão conjunta expressaram o desejo de cooperar com as organizações para buscar a melhor transição.
O pedido da ONU e das organizações regionais ocorre em um momento de grande divisão da sociedade burkinesa entre um exército partidário em se manter no poder e a oposição, aliada à sociedade, que voltará às ruas hoje para pedir que a transição seja civil.
Os protestos serão realizados na Praça da Nação, o epicentro das grandes manifestações contrárias ao prolongamento do mandato de Compaoré e que acabaram forçando a renúncia do até então presidente na última sexta-feira.
Uma relativa calma foi registrada nas últimas horas em Burkina Fasso, que reabriu as fronteiras aéreas. Segundo fontes oficiais, as escolas voltam a funcionar normalmente amanhã. EFE
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