Guia ensina restaurantes a reduzirem a quantidade de sódio nas refeições
São Paulo, 26 nov (EFE).- Para controlar a ingestão de sódio, não adianta simplesmente reduzir o consumo de produtos industrializados. Um guia para restaurantes, criado pela nutricionista Raquel Botelho, em parceria com o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social, revelou que comer fora de casa pode ser perigoso para a saúde.
Baseado em uma pesquisa com 37 restaurantes populares do governo federal, o guia traz dicas sobre como preparar alimentos evitando quantidades elevadas de sódio, encontradas em 100% dos restaurantes analisados pela nutricionista.
“De uma forma geral, os restaurantes populares federais apresentam excesso de sódio em seus alimentos. Em algumas regiões mais, em outras, menos, mas em todas a quantidade é acima do recomendado”, alerta Raquel.
A nutricionista rodou o país para analisar a forma de preparo da comida nesses locais e se deparou com práticas nada razoáveis, como o uso de temperos à base de sal somado à adição do ingrediente no preparo da comida.
Em alguns casos, a quantidade de sódio em uma refeição ultrapassa a quantidade máxima recomendada para um dia inteiro de consumo, que é de duas mil miligramas.
Segundo Raquel Botelho, essa prática reflete o perfil dos cozinheiros, formado por profissionais que ganham entre um e dois salários mínimos, e que possuem hábitos alimentares pouco saudáveis.
“Trata-se de uma população que já tem um consumo muito grande de sal e, por isso, o paladar já está alterado. Se esse profissional não receber treinamento, vai reproduzir o que faz em casa na cozinha do restaurante”, ressalta Raquel.
Ela explica que o organismo humano tende a se adaptar às altas dosagens de sódio, de tal forma que, com o passar de algumas semanas, a quantidade de sal fica imperceptível para a maioria das pessoas.
“A primeira impressão é a que fica. Se achou a comida salgada na primeira vez em que foi a um restaurante, não volte. Caso contrário, seu paladar vai se acostumar com esse sabor”, alerta a nutricionista.
No entanto, assim como o paladar se adapta ao sódio, também se acostuma à sua falta. Botelho explica que reduções de até 30% na quantidade de sal são imperceptíveis ao paladar humano.
Ela aconselha os restaurantes a fazerem uma retirada gradual do nutriente, para que os clientes não percebam a diferença, até atingir um nível de qualidade maior em seus pratos.
“A redução não pode ser feita de maneira drástica. É necessário avaliar a receita original para depois estimar a redução de até 30%. Caso contrário, pode ser um desastre em termos de aceitação”, orienta a nutricionista.
O guia traz ainda outras dicas, como o uso de temperos naturais e o preparo de um “sal de ervas” – uma mistura de 25% de sal e 75% de ervas da preferência do chefe ou do consumidor.
“Por exemplo, sugiro usar temperos que dão mais sabor, como alho, no lugar da cebola, que adocica o alimento. As pessoas, às vezes, utilizam muita cebola no preparo e, ao invés de ajudar, isso faz com fique mais perceptível a ausência do sal”, explica. EFE
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