Há funcionamento um pouco mais lento do canal do crédito, diz Meirelles

  • Por Estadão Conteúdo
  • 12/12/2016 15h33
Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante audiência pública da Comissão Especial sobre Novo Regime Fiscal (PEC 241/16), na Câmara dos Deputados (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Para Henrique Meirelles

Em discurso feito para plateia formada predominantemente por dirigentes de bancos, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira (12) que um dos fatores que tornam a recessão mais prolongada do que o esperado é o “funcionamento mais lento do canal do crédito”.

“O endividamento das famílias atingiu pico de 46,5% em setembro de 2015, mas já começou a cair e chegou a 42,8%, isso é importante. Mas o comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida não mudou, permanece em 22%. A maior explicação para isso é que a queda da taxa básica de juros, no entanto, foi contrabalançada pelo aumento do spread”, disse o ministro, que ponderou que entende as instituições financeiras por tentarem preservar seus balanços.

A declaração foi dada em discurso feito durante almoço de fim de ano da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), evento que também conta com a presença do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn.

Meirelles afirmou que entende que haja preocupação dos bancos com a inadimplência, mas disse que “certamente a recuperação vai passar pelo aumento do crédito”. Ele disse também que as empresas apresentam aumento expressivo da alavancagem desde 2011.

Outro fator que, segundo Meirelles, tem retardado a recuperação da economia foi a adoção de incentivos nos últimos anos que levou à má alocação de investimentos, citando como exemplo a indústria automobilística, que elevou a sua capacidade de produção para 5 milhões de veículos por ano, mas hoje tem uma ociosidade de cerca de 50%. “O excesso de investimento, claramente irrealista, direcionado, induzido, é parte do processo demorado de ajuste”, afirmou.

Ele disse ainda que alguns setores que “superinvestiram” estão com baixa produtividade, mas que a economia agregada tem exibido um “bom comportamento na margem” entre os trabalhadores, em parte forçado pelas demissões.

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