Há processo de desinflação nas expectativas em 2016, mas ainda não suficiente, diz diretor do BC

  • Por Reuters
  • 24/06/2015 15h32
Arquivo/Agência Brasil Banco Central

A principal mensagem do Relatório de Inflação divulgado nesta quarta-feira é que a política monetária deve manter-se vigilante para assegurar a convergência da inflação ao centro da meta no fim de 2016, afirmou nesta quarta-feira o diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva.

Awazu disse também que o objetivo reiterado da política monetária é impedir a transmissão da inflação para 2016 e prazos mais longos. Ele ressaltou ainda que a alta dos preços está cada vez mais convergindo para 4,5 por cento pelo IPCA, centro da meta do governo, no ano que vem, apesar da inflação corrente mais alta.

“O cenário de convergência da inflação para o nosso objetivo, 4,5 por cento, em 2016 tem, de fato, se fortalecido”, afirmou o diretor em coletiva de imprensa para comentar o Relatório de Inflação divulgado mais cedo.

“Mas, quero frisar, os avanços alcançados no combate à inflação… ainda não se mostram suficientes”, acrescentou, argumentando que as ações do BC têm surtido efeito.

Pelo documento, o BC reduziu ligeiramente sua previsão sobre a inflação em 2016, mas ainda acima do centro do meta, argumentando que as expectativas para o próximo ano continuam não ancoradas, num sinal de que o aperto monetário deve ser mais intenso.

Hoje a Selic está em 13,75 por cento ao ano e vários especialistas já acreditam que ela possa subir mais 1 ponto percentual para domar a alta dos preços.

O IPCA surpreendeu em maio ao acelerar a alta a 0,74 por cento, acumulando em 12 meses 8,47 por cento. A prévia para o desempenho do índice em junho continuou mostrando pressão, com o IPCA-15 subindo 0,99 por cento neste mês, a maior alta para junho em quase 20 anos

Por diversas vezes, o diretor fez questão de destacar que o BC vai perseguir a convergência da inflação para a meta em 2016 e que esse processo já começou, mas que era preciso manter as atuais políticas monetária e fiscal em curso.

Segundo ele, apesar de as expectativas para 2017 a 2019 estarem ancoradas em 4,5 por cento, para 2016 ainda há “desvio relevante”. Mas ressaltou que o processo de “desinflação” é cada vez mais convergente para o centro da meta em 2016, apesar da maior inflação corrente.

Ele também chamou a atenção de que é preciso monitorar o repasse da alta recente do dólar sobre o real para a inflação no próximo ano. A moeda norte-americana subiu cerca de 16 por cento neste ano até a véspera.

O diretor do BC ressaltou que o cenário internacional ainda é complexo e que é preciso se preparar para o processo de normalização da política monetária do Federal Reserve, banco central norte-americano.

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