Habré e advogados não comparecem a julgamento por crimes contra humanidade

  • Por Agencia EFE
  • 20/07/2015 13h08
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Dacar, 19 jul (EFE).- O ex-ditador chadiano Hissène Habré e seus advogados se negarem nesta segunda-feira a participar da primeira sessão do julgamento aberto contra si como suposto responsável por 40 mil assassinatos políticos e mais de 200 mil casos de tortura entre 1982 e 1990.

O acusado, julgado por um tribunal especial criado no Senegal, país onde foi detido em 2005, e seus seguidores, na maioria chadianos, gritavam “abaixo os traidores” durante sua entrada na sala, o que levou aos juízes decretarem a mudança de Habré para um sala de isolamento.

Após um recesso pelo incidente, o ex-presidente se negou a voltar à sala de audiência, onde também não estavam seus advogados.

Em declarações aos meios de comunicação, um dos membros da equipe de sua defesa, Ibrahima Diawara, reiterou que não tomaria a palavra durante o julgamento, já que seu cliente não reconhece a legitimidade deste tribunal, que foi criado pelo acordo entre a União Africana e a ONU, de 2009.

Na abertura da audiência, que está prevista que se prolongue durante cerca de três meses, o promotor ressaltou que o silêncio de Habré “não poderá ser interpretado como uma estratégia de defesa, mas como uma forma de esquivar do confronto com suas vítimas”.

A primeira sessão do julgamento, que continua nesta tarde, está sendo seguida por cerca de mil pessoas em meio a um forte dispositivo de segurança.

Aos 72 anos, Habré pode ser condenado à prisão perpétua se o tribunal o declarar culpado.

É a primeira vez na história que um ditador africano é julgado por um tribunal de outro país africano, e tudo isso a pedido de suas próprias vítimas, que foram apoiadas por diferentes associações internacionais de direitos humanos.

Em março, um tribunal chadiano condenou por tortura 20 altos cargos de segurança do ex-ditador que, junto ao governo do Chade, terão que pagar US$ 125 milhões para compensar mais de sete mil vítimas da repressão. EFE

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