Hamas participará pela primeira vez das eleições presidenciais palestinas
Gaza, 29 abr (EFE).- O movimento islamita Hamas participará pela primeira vez das eleições presidenciais da Autoridade Nacional Palestina (ANP) ou respaldará alguns dos candidatos que se apresentem, anunciou nesta terça-feira a agência oficial de notícias “Al Rai”.
É a primeira vez que o movimento islamita que governa a Faixa de Gaza desde 2007 anuncia sua intenção de fazer parte das eleições presidenciais da ANP, já que nos processos anteriores se limitou a postular-se nas municipais e legislativas, que ganhou em 2006.
As eleições presidenciais deverão acontecer junto com as legislativas em um prazo de seis meses a partir da formação de um governo de unidade, como ficou fixado no acordo de reconciliação assinado na semana passada entre Hamas e o movimento nacionalista Fatah, principal na ANP.
O Hamas governa Gaza desde que pegou em armas contra a autoridade do presidente palestino, Mahmoud Abbas, em junho de 2007, apenas um ano após ter vencido as últimas eleições gerais.
Aquela vitória por uma grande maioria sobre os nacionalistas do Fatah gerou uma maior tensão em suas já delicadas relações, que acabaram na revolta de Gaza.
Desde então as partes tentaram a reconciliação em várias ocasiões, embora até agora nunca tenham conseguido levar à prática os acordos.
Nesta ocasião, as possibilidades de êxito parecem incrementar-se devido ao fim do processo de paz e à difícil conjuntura política que atravessa o Hamas, com um novo regime no Cairo que lhe acusa de “terrorismo” e de ameaçar a segurança, e uma Síria – antes apoio crucial – assolada pela guerra civil.
O arrefecimento da economia local por causa do fechamento pelo Egito dos túneis de contrabando na fronteira com o Sinai, o impacto econômico do bloqueio israelense desde 2007 e a redução das ajudas de países como o Irã, também aparecem entre os catalisadores desta nova aproximação.
Segundo o pactuado, a reconciliação começará com a formação de um governo de união nacional e de tecnocratas no prazo de cinco semanas, e seguirá com a incorporação histórica do Hamas à matriz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e a realização de eleições gerais em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Para agilizar todo o processo, o até agora primeiro-ministro da ANP, Rami Hamdala, pôs seu cargo e todo o governo à disposição de Abbas na sexta-feira passada. EFE
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