Hamas pede que Abbas deixe de dialogar por meio da imprensa

  • Por Agencia EFE
  • 07/09/2014 08h05

Gaza, 7 set (EFE).- O movimento Hamas exigiu neste sábado que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pare de dialogar por meio da imprensa, após o dirigente acusar o grupo islamita de exercer um “governo obscuro” na Faixa de Gaza.

O presidente da ANP afirmou que em virtude do acordo de unidade entre os islamitas e o partido nacionalista Fatah o território ocupado deve ser governado por apenas uma autoridade.

Além disso, Abbas ameaçou deixar de cooperar com o Hamas se o grupo não mudar de atitude e aceitar o governo de unidade, pactuado entre os islamitas e o Fatah.

Em reunião com jornalistas realizada em residência no Cairo, no Egito, Abbas afirmou que “a unidade é a única opção e a situação atual não representa essa unidade”.

“Se Hamas não quer apenas uma autoridade, uma só lei e uma só arma, não vamos aceitar cooperar com eles”, disse o presidente palestino e líder do secular Fatah.

O porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri, respondeu em um comunicado que Abbas deveria continuar o diálogo frente a frente com o grupo ao invés de fazer isso por meio da imprensa.

“Os comentários de Abbas contra nosso movimento e contra a resistência são injustificados e carecem de base. Estamos de acordo em realizar uma reunião entre Fatah e Hamas para continuar o diálogo e implementar a reconciliação”, assegurou.

“Instamos que pare o diálogo por meio da imprensa e dê uma oportunidade ao diálogo entre os dois movimentos”, disse o porta-voz do Hamas.

Hussam Badran, outro porta-voz do Hamas, condenou o que considerou uma “escalada na quantidade de investigações e detenções na Cisjordânia”.

Ao longo do fim de semana, funcionários do Hamas denunciaram que forças da ANP prenderam vários de seus homens sem razão aparente neste território ocupado.

Após anos de disputas entre os dois principais grupos palestinos, Fatah e Hamas chegaram a um acordo para formar um executivo de unidade de caráter transitório, integrado fundamentalmente por figuras independentes, e que deverá preparar a realização de eleições gerais no meio ano.

No entanto, aparentemente as disputas entre as duas facções rivais seguem vigentes e podem ter aumentado depois que a imprensa local informou que forças da ANP estavam se preparando nos últimos dias para retomar o controle da passagem fronteiriça de Rafah, no sul de Gaza e na fronteira com o Egito, e atualmente sob autoridade do Hamas.

A abertura da passagem de forma permanente foi uma das exigências do grupo islamita para se chegar a um cessar-fogo com Israel no último conflito armado em Gaza, que terminou em 26 de agosto, após 50 dias de combates e um saldo de mais de dois mil palestinos e 70 israelenses mortos.

Nesta semana, foi publicada uma pesquisa que revelou que o Hamas, após o fim da guerra em Gaza, tem uma popularidade na região que não era vista desde 2006. EFE

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