Hidrelétrica de Itaipu está “preparada para o pior” diante da crise hídrica

  • Por Agencia EFE
  • 20/02/2015 12h10

Alba Gil.

Foz do Iguaçu (Brasil), 20 fev (EFE).- Com os açudes da Região Sudeste em níveis mínimos históricos por causa da seca e o medo latente de um racionamento de energia, o presidente brasileiro da represa binacional Itaipu, Jorge Miguel Samek, garantiu que a segunda maior hidrelétrica do mundo “está preparada para o pior”.

Em tom otimista e segurança na voz, Samek defendeu em entrevista concedida à Agência Efe que a central produz o máximo de energia, em parte contribuindo para atenuar a crise hídrica que castiga os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde se concentram as principais indústrias do país.

“Aqui estamos fazendo nossa parte: temos consumidores e toda a maquinaria atualizada. Só nos falta a água, que não depende de nós”, disse o presidente de Itaipu, hidrelétrica administrada junto com o Paraguai na fronteira dos dois países.

Em tempos de seca e problemas de provisão de água nas metrópoles, especialmente São Paulo, Samek apressou-se em esclarecer que “não haverá racionamento de energia de jeito nenhum”.

O motivo, na sua opinião, é que “é óbvio que choverá em fevereiro e em março”, uma previsão que já está se cumprindo graças às chuvas que deram um alivio aos reservatórios durante o Carnaval.

Mas a calma da direção de Itaipu tem explicação. A hidrelétrica, a segunda maior em geração anual de energia, só superada em 2014 pela represa chinesa das Três Gargantas, desfruta de uma localização privilegiada no meio do Rio Paraná.

De Brasília para o sul, sua localização permite coletar as águas de sete estados, um fenômeno que a própria geografia do país parece inclusive favorecer.

“Há 45 hidrelétricas para o norte e cada uma delas tem seu reservatório, por isso que Itaipu é como uma casa com 45 caixas de água”, ressaltou Samek para justificar que “inclusive em uma circunstância de estresse hídrico como a vivida agora, Itaipu continua com uma elevada produção”.

Assim, chova em Brasília, ou em estados como Goiás ou em Minas Gerais, a hidrelétrica binacional tem assegurados 75 milhões de megawatts por hora que é obrigada a gerar por contrato: a cada segundo passa, pelas 20 turbinas da central, o equivalente a dez Cataratas do Iguaçu.

Construída nos anos 70 pelas ditaduras de ambos os países, Itaipu é um dos pilares energéticos tanto do Brasil como do Paraguai no século XXI, já que fornece 17% da energia que é consumida no Brasil e abastece 75% da demanda paraguaia.

Justamente porque a fonte principal de energia da maior economia da América Latina é a hidrelétrica, Samek defendeu a necessidade de contar “como uma retaguarda com outras matrizes para aumentar a segurança energética no país”.

Embora, para o presidente brasileiro da central, a energia seja uma questão que deveria ultrapassar fronteiras nacionais.

“Em um futuro, deveríamos ter uma integração energética maior no continente para intercambiar energia e ter a possibilidade de um país poder suprir as carências de outro”, argumentou Samek.

Enquanto isso, a hidrelétrica, que conta com leis e polícia próprias e que é regida por um tratado binacional entre Brasília e Assunção, mantém o equilíbrio diplomático de um território cuja disputa remonta a 1750, naquela época sim, entre Espanha e Portugal, antigos colonizadores.

A história de Itaipu é um percurso por números e dados: um recinto de 225 mil hectares e um reservatório, que é renovado a cada 33 dias, de 1.350 quilômetros quadrados, e uma superfície quase equivalente à cidade de São Paulo. EFE

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