Holanda é declarada responsável por deportação e morte de 300 muçulmanos

  • Por Agencia EFE
  • 16/07/2014 08h23
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Haia, 16 jul (EFE).- Um tribunal de Haia considerou nesta quarta-feira o Estado holandês responsável pela deportação e morte de 300 homens muçulmanos, que em julho de 1995 estavam em uma região de Srebrenica, na Bósnia, protegida por “boinas azuis” holandeses, mas negou a responsabilidade do país pela queda desse enclave.

Os juízes emitiram hoje a sentença ao processo aberto em abril pela Fundação Mães de Srebrenica contra o Estado holandês por sua suposta responsabilidade no genocídio de mais de 8.300 muçulmanos na Bósnia em 1995.

A fundação, que representa cerca de 6 mil familiares dos mortos, sustenta que o Estado holandês não soube defender os muçulmanos.

O Estado holandês é “responsável pelo dano sofrido pelos parentes de cerca de 300 homens que no meio-dia de 13 de julho de 1995 foram retirados por forças servo-bósnias da cidade, o que levou à morte da maioria”, diz o comunicado do julgado.

Os juízes estimaram que os “boinas azuis” holandeses precisariam “ter levado seriamente em conta a possibilidade de esses homens serem mortos em um genocídio e que teriam sobrevivido se tivessem sido mantidos no enclave”, diz a sentença.

“O destacamento holandês agiu incorretamente ao colaborar na deportação desses homens”, acrescenta o texto, afirmando que a expulsão dos muçulmanos do enclave acabou em morte.

A decisão nega a responsabilidade do Estado holandês na totalidade do massacre, por isso os advogados das “Mães de Srebrenica” já anunciaram através da TV holandesa “NOS” que recorrerão da sentença.

O massacre durou de 11 a 25 de julho de 1995, por isso os juízes estimaram que no meio-dia de 13 de julho já havia “segurança suficiente” e que manter aos muçulmanos na cidade Bósnia lhes salvaria a vida.

A fundação, que representa cerca de 6 mil parentes dos mortos em Srebrenica, mantém que o Estado holandês não soube defender aos muçulmanos.

Srebrenica estava protegida em 1995 por “boinas azuis” holandeses, que estavam deslocados a esse enclave sob o guarda-chuva das Nações Unidas e no contexto da guerra da Bósnia (1992-95).

As tropas do general sérvio-bósnio Ratko Mladic – atualidade julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), com sede em Haia – entraram em julho de 1995 no enclave da ONU.

Após separar as pessoas por gênero, os boinas azuis levaram os homens, incluindo crianças e idosos, a uma viagem sem volta que se tornou o maior massacre europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

As “mães de Srebrenica” já haviam aberto em 2007 outro longo processo judicial, nessa ocasião contra a ONU, que terminou a favor da organização internacional.

Em setembro de 2013, a Suprema Corte reconheceu a responsabilidade do Estado holandês no massacre, em uma ação movida pelo tradutor da ONU Hassan Nuhanovic, que perdeu um irmão e o pai em Srebrenica, e pelos parentes do eletricista Rizo Mustafic, que era um empregado regular na base. EFE

mr/tr

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