Hollande: “Meu dever é reformar a França e reorientar Europa ao crescimento”
Paris, 26 mai (EFE).- O presidente da França, François Hollande, reconheceu nesta segunda-feira que a realidade dos resultados das eleições europeias em seu país “é dolorosa”, e que, diante dela, seu dever é “reformar a França e reorientar a Europa” para estabelecer como prioridade “o crescimento, o emprego e o investimento”.
“A Europa tornou-se ilegível, distante, e até mesmo incompreensível para os Estados. Isso não pode continuar. A Europa deve ser simples, clara, para ser eficaz”, disse Hollande.
Em mensagem gravada e transmitida pela televisão no horário dos telejornais de maior audiência, o presidente francês considerou que o triunfo da ultradireitista Frente Nacional, que pela primeira vez em sua história foi o partido mais votado do país com 25% dos votos, é responsabilidade da Europa, dos partidos de governo e da política.
“É uma desconfiança em relação à Europa, que inquieta mais que protege, uma desconfiança sobre os partidos de governo, tanto da maioria como da oposição, uma desconfiança em relação à política porque, após tantos anos de crise, ainda se esperam os resultados”, argumentou.
“A Europa conseguiu superar a crise da zona do euro, mas a que preço? A austeridade, que terminou por desalentar os povos”, acrescentou.
Por isso, Hollande anunciou que “amanhã (em alusão direta ao Conselho Europeu marcado para Bruxelas) reafirmarei que a prioridade é o crescimento, o emprego e o investimento”.
“A Europa deve preparar o futuro, as novas tecnologias, a transição energética, sua própria defesa. Deve proteger suas fronteiras, seus interesses, seus valores, sua cultura. Este deve ser o mandato para a próxima Comissão Europeia”, ressaltou.
O presidente francês reafirmou que não vai se desviar do giro político de seu governo após o revés que seu partido sofreu nos pleito municipais, quando nomeou há dois meses Manuel Valls como primeiro-ministro para aplicar fortes medidas de ajuste.
“Não é a Europa que nos pede para fazer reformas, é pela França que temos que levá-las a um bom termo”, afirmou antes de assegurar que “essa linha de condução não pode mudar em função das circunstâncias”, em clara alusão às eleições de domingo, na qual seu partido, com 13,9% de votos, teve os piores resultados da história.
Frente ao discurso anti-europeu da presidente da Frente Nacional, Marine le Pen, Hollande comentou que “o pior seria renunciar ao que constitui a França, e, em particular, a seu lugar na Europa e no mundo. Somos um grande país que não pode conceber seu destino se retirando, se fechando”. EFE
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