Homem com “espírito maligno” na Índia é libertado após 15 anos trancado

  • Por Agencia EFE
  • 01/07/2015 13h47

Nova Délhi, 1 jul (EFE).- Um homem foi libertado após permanecer 15 anos trancado no oeste da Índia, depois que sua família considerou que ele estava possuído por um “espírito maligno” por conta de atitudes violentas, informou à Agência Efe o agente do Departamento de Crimes, C.C. Khatana.

Rameshbhai Damar, atualmente com 30 anos, foi encontrado ontem em um povoado do estado de Gujarat depois que sua família contou o fato a um conhecido ao ver que seu estado de saúde piorava. De acordo com Khatana, foi essa pessoa a responsável por acionar as autoridades e a família poderia ser acusada de assassinato caso ele morresse.

A vítima era adolescente quando começou a se comportar de maneira estranha e atirar pedras nos vizinhos, depois de voltar da floresta onde tinha ido recolher lenha. Os parentes decidiram trancá-lo ao pensar que estava possuído.

“A família nunca o levou ao médico e tentaram curá-lo com a ajuda de um curandeiro, mas não tiveram sucesso”, disse Khatana, que acrescentou que após ser resgatado pelas autoridades, Damar foi levado a um juiz, que o enviou a um hospital e de lá foi encaminhado a um centro psiquiátrico.

Segundo o policial, ninguém foi preso, já que os únicos parentes vivos da vítima são um irmão, que o acompanhou ao hospital, e sua mãe já idosa.

Imagens divulgadas pelo jornal “Indian Express” mostraram Damar acorrentado dentro de uma pequena estrutura de cimento sentado no chão de terra. Nas fotos, o homem é visto com os cabelos desgrenhados e extremamente magro.

Não há dados exatos na Índia sobre o total de incapacitados e sua situação. A falta instrução e os tabus fazem com que, em alguns locais, estes doentes sejam vistos como feiticeiros ou malditos.

A ONG Humans Right Watch (HRW) alertou em dezembro que em um país como a Índia, com 1,25 bilhões de habitantes e apenas 43 centros psiquiátricos, ter um parente com uma incapacidade se torna um problema para muitas famílias. EFE

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