Honduras espera frear narcotráfico com escudo naval e aéreo no Caribe
Germán Reyes.
Tegucigalpa, 18 mar (EFE).- O governo de Honduras espera frear o narcotráfico sul-americano com um bloqueio naval conjunto com os Estados Unidos, e outro aéreo, com seus próprios recursos, que permitirá a este país centro-americano até derrubar aviões suspeitos de transportar drogas no Caribe.
O bloqueio naval foi anunciado pelo ministro da Defesa, Samuel Reyes, que disse nesta semana que os Estados Unidos reativaram seu serviço de guarda-costeira em águas internacionais próximas a Honduras para apoiar o governo do presidente Juan Orlando Hernández na luta que empreendeu contra o narcotráfico.
“Os Estados Unidos, através do Comando Sul, decidiram nos acompanhar pra fortalecer nosso escudo naval”, declarou Reyes.
Hernández, por sua vez, reiterou na sexta-feira passada que o problema do narcotráfico em seu país “é de vida ou morte”, devido às vítimas da violência que gera e que o escudo naval no Caribe “vai ajudar muito”.
“O apoio deve ser integral, porque este não é um assunto só de Honduras, nós sofremos pelos viciados de lá dos Estados Unidos”, expressou Hernández, que, ao assumir o poder no último dia 27 de janeiro, convidou Barack Obama para fornecer mais ajuda ao seu país e ao resto da América Central para combater o narcotráfico.
Hernández também disse que para os EUA o problema da droga é somente um tema de saúde.
Duas semanas após ter assumido o cargo, chegou a Tegucigalpa o subsecretário de Estado dos EUA para Antinarcóticos e Segurança, William Brownfield, acompanhado do chefe do Comando Sul, John Kelly, que inclusive viajou ao Caribe hondurenho para observar a assistência de Washington.
Hernández iniciou com mão dura a luta contra o narcotráfico, lembrou o ministro da Defesa Reyes ao destacar alguns golpes como a apreensão de mais de dois mil quilos de cocaína em um contêiner de lixo procedente da Colômbia que atracou no Caribe hondurenho.
Neste ano, as autoridades também desmantelaram pelo menos dois laboratórios para a produção de cocaína e outras drogas, e apreenderam dezenas de barris com químicos para esse mesmo objetivo, procedentes da Colômbia e da Alemanha, este último com a carga mais recente, confiscada na quarta-feira passada.
Segundo Reyes, desde que Honduras anunciou que, segundo uma lei de exclusão aérea recém-aprovada pelo parlamento derrubará aviões suspeitos de levar droga que não acatem a instrução para aterrissar, os narcotraficantes mudaram suas rotas.
Mas aparentemente aumentou a chegada de droga em contêineres ao caribenho Puerto Cortés, o mais importante do país.
Na sexta-feira passda, em uma operação em águas internacionais com forças da Colômbia, Panamá e EUA, a polícia colombiana apreendeu 1,5 toneladas de cocaína supostamente pertencentes ao grupo criminoso Los Urabeños, transportada em uma lancha pelo Caribe com destino a Honduras, informaram fontes oficiais em Bogotá.
Segundo o presidente hondurenho, para os delinquentes, criminosos e narcotraficantes “acabou a festa” porque seu governo os combaterá sem descanso.
Ao terminar sua visita a Honduras, Brownfield disse que trazia boas notícias em muitos sentidos e anunciou que Honduras e EUA colaboraram e vão “seguir colaborando neste esforço tão complicado, mas tão importante durante os anos que vêm”.
Brownfield também falou sobre a nova lei hondurenha que permite a derrubada de aviões suspeitos. “Cada país tem suas leis, mas ninguém quer ver aviões de inocentes derrubados”.
O governante hondurenho considera que após a visita em fevereiro passado acompanhando Brownfield, o chefe do Comando Sul dos EUA “pôde levar o tema do combate contra a droga ao Congresso americano, expressando que não se pode descuidar da América Central”, embora Washington discorde com a derrubada de aviões.
Na quinta-feira passada, Kelly insistiu em Washington perante o Comitê das Forças Armadas sobre as consequências de “um reduzido compromisso” dos EUA com a América Latina.
Além disso, Kelly expressou o temor que os cortes orçamentários, que incluem a despesa do Pentágono e outras agências afetem a capacidade dos Estados Unidos para conter o narcotráfico e golpear os cartéis da droga na América Latina.
Kelly também disse que a transformação de países como Honduras ou Guatemala em centros logísticos da droga aumentou a violência e destruiu instituições públicas tão importantes como a polícia e o Poder Judiciário.
O presidente hondurenho reconhece as limitações de seu país na luta contra o narcotráfico, mas considera que o importante é que seu governo começou a enfrentá-lo com força.
“Não estamos para chorar, mas para ver como vamos resolver um problema. Já começamos, acho que vamos com bons passos e firmes”, expressou Hernández. EFE
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