Hospital Universitário da USP vai restringir pronto-socorro adulto

  • Por Estadão Conteúdo
  • 03/06/2016 10h47
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São Paulo - Ato público dos estudantes de medicina, médicos e funcionários do Hospital Universitário (HU) da USP em defesa da instituição.(Rovena Rosa/Agência Brasil) Rovena Rosa/Agência Brasil Ato de estudantes de medicina

Após restringir o atendimento pediátrico e oftalmológico, e encaminhar mulheres grávidas para unidades da rede pública da zona oeste da capital, o Hospital Universitário (HU), da Universidade de São Paulo (USP), vai limitar agora serviços do pronto-socorro adulto. A partir do dia 10, a próxima sexta-feira, das 19 horas às 7 horas, apenas casos de emergência serão recebidos no local. Os pacientes deverão procurar outros equipamentos de saúde da região.

A restrição foi anunciada na quarta-feira, 1º, aos funcionários em um comunicado assinado pelo superintendente Waldyr Antônio Jorge. O informe diz que a medida segue “padrões mínimos de segurança e garantia na qualidade de atendimento à população e ensino aos alunos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Medicina”. A decisão foi tomada após consulta ao Conselho Deliberativo do HU e já foi informada ao Ministério Público Estadual e às secretarias estadual e municipal da Saúde. De acordo com o comunicado, no período de restrição de atendimento, as “equipes reduzidas” ficarão responsáveis pelos pacientes em observação e atendimento de emergência.

Há cerca de um mês, o hospital já havia limitado os serviços do pronto-socorro infantil entre 7 horas e 19 horas, suspendido os serviços oftalmológicos e deixado de receber grávidas por causa da superlotação na maternidade e no berçário. As restrições são decorrentes do déficit de especialistas provocado pelo Programa de Demissão Voluntária (PDV) e pela suspensão de novas contratações na instituição por causa da crise financeira.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), desde o início do PDV, o hospital perdeu cerca de 300 funcionários, a maioria enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Desses, 43 eram médicos, uma redução de 15% no quadro.

“Ao todo, 213 funcionários aderiram ao PDV, mas depois muitos pediram demissão ou se aposentaram. Não houve nenhuma contratação, reposição”, disse Rosane Vieira, auxiliar de enfermagem e diretora do Sintusp. Além das restrições no atendimento médico, outra consequência do programa de demissões foi o fechamento de 49 leitos. Hoje, o hospital opera com 184.

A USP informou, porém, que nos últimos meses não houve nenhuma alteração no quadro de funcionários do HU. Para Rosane, a restrição ao atendimento no pronto-socorro adulto é uma medida política. “A situação de falta de médicos e funcionários é a mesma desde 2014. Ao fechar o pronto-socorro, o superintendente dá a entender que não quer nos sobrecarregar, mas por que isso agora? É porque estamos em greve”, afirmou Rosane. Segundo ela, a intenção é colocar a população contra o movimento.

Greve

Médicos e funcionários do HU estão em greve desde o dia 23 do mês passado. Eles mantêm equipe mínima de 30% dos servidores. Além de pedir a contratação de novos servidores, eles também são contrários à proposta da universidade de reajuste salarial apresentada pela reitoria.

Na segunda-feira, a negociação de servidores e professores com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) foi interrompida – o órgão que representa a direção das instituições manteve, como proposta final, o reajuste de 3%. A reportagem solicitou entrevista com o superintendente do HU, mas a assessoria de imprensa informou que ele não conseguiria atender a reportagem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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