Houthis continuam seu avanço em Áden apesar dos ataques da coalizão árabe
Khaled Abdullah.
Sana, 5 abr (EFE).- Os combatentes do movimento xiita dos houthis continuaram seu avanço na cidade meridional de Áden, a segunda maior do Iêmen, apesar dos incessantes bombardeios da coalizão árabe comandada pela Arábia Saudita.
Os milicianos deste grupo, também conhecido como Ansar Alah, conseguiram avançar hoje em direção ao porto de Áden e penetrar no bairro de Al Qalua, vizinho à área de Al Muala, onde se encontra o porto da cidade.
Em sua incursão, ocuparam a prefeitura, próxima à sede do governo regional.
Um morador de Al Muala, Mohammed Hassan, disse por telefone à Agência Efe que os combatentes das tribos leais ao presidente, Abdo Rabbo Mansour Hadi, se viram obrigados a retirar-se perante o intenso bombardeio lançado pelo grupo xiita contra suas posições.
“Os bombardeios são intensos e alguns lares estão incendiados. As pessoas permanecem em suas casas paralisadas pelo medo”, contou a testemunha.
Essa denúncia foi corroborada pelo porta-voz saudita da operação militar, conhecida como “Tempestade de Firmeza”, que declarou que os rebeldes atacam alvos civis.
Em sua entrevista coletiva diária, o general saudita Ahmad Asiri assegurou que os houthis estabeleceram seus centros de operações e suas sedes em hotéis e edifícios de apartamentos para evitar os ataques dos aviões da coalizão.
Em Áden, os Comitês Populares, como são conhecidas as milícias que respaldam o presidente Hadi, tentam resistir à investida dos houthis com o apoio da coalizão, que lhes envia ajuda por meio dos aviões.
No último mês de fevereiro, Hadi instaurou a sede do governo nesta cidade após fugir de Sana, onde os rebeldes xiitas lhe submetiam a um ferrenho controle.
De Áden tentou reorganizar a resistência ao avanço dos milicianos rebeldes até que buscou refúgio em Riad, coincidindo com o começo da ofensiva aérea árabe.
Desde o último dia 26 de março, dia do início dos bombardeios, morreram pelo menos 185 pessoas, sem contar as baixas entre os houthis.
Devido à escalada da violência, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu ontem um cessar-fogo humanitário de 24 horas, que permita a suas equipes entregar material sanitário aos feridos.
Segundo o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), há 334.000 deslocados no Iêmen, onde 16 milhões de pessoas de seus quase 26 milhões de habitantes necessitam de algum tipo de ajuda humanitária.
Neste domingo também foram registrados enfrentamentos entre houthis e milícias leais a Hadi na cidade de Lawdar, no norte da província sulina de Abian, situada ao leste de Áden.
Os choques aconteceram depois que os aviões da coalizão bombardearam o quartel da Brigada Al Maguid, que responde às ordens do movimento houthi.
O porta-voz da coalizão árabe indicou em Riad que seus aviões bombardearam também vários veículos dos houthis na província sulina de Al Dalea, assim como concentrações de combatentes na província central de Al Baida, que estavam a caminho de Áden.
Asiri acrescentou que foram atacados em outras partes de país vários comboios que também se dirigiam a Áden.
Além disso, informou que continuam os bombardeios contra as posições dos houthis na fronteira entre o Iêmen e a Arábia Saudita, onde o movimento xiita tem seu principal reduto.
Em Sana, a capital, paralelamente aos enfrentamentos, os houthis detiveram 39 dirigentes de um dos principais grupos políticos do país, o Partido da Reforma Islâmica, braço político da Irmandade Muçulmana iemenita.
As detenções ocorreram pouco depois que esta formação anunciou seu apoio à operação militar árabe contra a milícia xiita.
Longe da guerra travada entre houthis e a coalizão capitaneada por Riad, os combatentes jihadistas do grupo terrorista Al Qaeda se retiraram hoje da cidade de Al Mukala, capital da província de Hadramaut, de onde tinham expulsado às forças de segurança na sexta-feira passada.
Os homens da Al Qaeda, que invadiram a capital provincial aproveitando o vazio de poder e o caos reinante no país, abandonaram a cidade após saquear bancos e sedes governamentais, assim como o porto marítimo.
Após deixar a cidade, onde libertaram mais de 300 presos de seu principal presídio, entre eles dezenas de membros da Al Qaeda, as milícias tribais recuperaram seu controle. EFE
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