HRW denuncia falta de provas em condenação de Mursi a 20 anos de prisão

  • Por Agencia EFE
  • 26/04/2015 10h31
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Cairo, 26 abr (EFE).- A Human Rights Watch (HRW) denunciou neste domingo que a primeira sentença, a 20 anos de prisão, contra o presidente egípcio Mohammed Mursi foi ditada em meio a “violações no processo e ausência de evidências conclusivas”.

Segundo um comunicado da HRW, os autos só apresentaram testemunhos de altos comandantes militares e policiais para corroborar as acusações contra Mursi.

O ex-presidente foi condenado no último dia 21, junto com outros 14 islamitas, por uso da força e de violência, retenção de pessoas e tortura durante protestos ocorridos em frente ao palácio presidencial de Itihadiya em dezembro de 2012.

“A acusação foi baseada na conjectura de que Mursi foi responsável simplesmente por sua relação com a Irmandade Muçulmana”, disse Sarah Leah Whitson, diretora da HRW para o Oriente Médio e o Norte da África.

Whitson acrescentou que apesar do ex-presidente poder ter responsabilidade política neste caso, a promotoria não provou sua culpabilidade penal.

Um das testemunhas, o comandante da Guarda Republicana, responsável pela proteção do palácio, Mohammed Zaki, afirmou que ele se negou a dispersar os manifestantes contrários a Mursi e que o então presidente pediu que a Irmandade Muçulmana o fizesse.

Zaki não deu provas sobre esta hipótese, disse a HRW, que também criticou o limitado acesso que a defesa de Mursi teve ao processo e não intimou testemunhas por temer que fossem detidas.

Além disso, o Ministério Público não investigou ninguém pela morte de seguidores da Irmandade Muçulmana nesses distúrbios, que terminaram com uma dezena de mortos.

A negligência dos promotores em investigar a morte de partidários da confraria e o fracasso das forças de segurança em intervir “sabotam qualquer reivindicação de justiça”, lamentou Whitson.

Mursi, derrubado pelos militares em julho de 2013, enfrenta outras quatro acusações, por fugir da prisão, por espionagem e vínculos com grupos como o palestino Hamas, por revelar segredos de estado ao Catar e por insultar a justiça.

Desde o golpe militar, a cúpula da Irmandade Muçulmana e milhares de seus seguidores foram detidos e condenados a penas de prisão e inclusive de morte.EFE

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