HRW denuncia violência policial no aniversário da revolução egípcia
Cairo, 26 jan (EFE).- A morte de manifestantes durante as comemorações do quarto aniversário da revolução egípcia demonstra o uso excessivo da força por parte da polícia, que deve ser alvo de uma investigação independente, assegurou nesta segunda-feira a Human Rights Watch (HRW).
“Quatro anos depois da revolução do Egito, a polícia segue matando os manifestantes de forma regular”, lamentou em comunicado a diretora para o Oriente Médio e Norte da África da HRW, Sarah Leah Whitson.
Enquanto o presidente egípcio, Abdul Fatah al Sisi, tentava passar uma boa imagem internacional no fórum de Davos, suas forças de segurança “utilizavam sistematicamente a violência contra os egípcios por participar de manifestações pacíficas”, acrescentou Whitson.
A HRW insistiu na morte de duas mulheres por disparos da polícia nos dias prévios ao aniversário, quando participavam de protestos aparentemente pacíficos: a ativista Shaima al Sabag e o estudante Sondos Reda Abu Bakr.
O caso de Al Sabag, membro da Aliança Popular Socialista, despertou grande controvérsia no país, com vários vídeos e fotografias nas redes sociais que mostram o momento no qual a ativista desaba ensanguentada perto da emblemática praça cairota de Tahrir.
As autoridades estão investigando o fato, ocorrido no dia 24, mas desde o Ministério do Interior afirmaram que a polícia só lançou gás lacrimogêneo e que os manifestantes não eram pacíficos.
Abu Bakr era, por sua vez, um estudante de 17 anos que morreu também por um disparo em um protesto convocado na sexta-feira passado pelos islamitas contra o atual regime na cidade de Alexandria.
No mesmo dia do aniversário, em 25 de janeiro, morreram pelo menos 20 pessoas, a maioria no Cairo, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério egípcio de Saúde.
A HRW pede em sua nota que o Egito garanta que as mortes ocorridas tanto antes do aniversário como durante o mesmo serão investigadas de forma “justa e imparcial”.
A ONG criticou que a Procuradoria Geral fracassou em geral em castigar a responsáveis governamentais e policiais pela morte de manifestantes durante a revolução de 2011.
A ONG também lembra que desde o golpe militar de julho de 2013, que depôs Mohammed Mursi, mais de mil manifestantes morreram pelas mãos da polícia, em sua maioria no despejo dos acampamentos dos islamitas no Cairo em agosto desse ano.
A repressão aumentou desde a aprovação de uma lei de protestos em novembro de 2013, pela qual foram detidos centenas de pessoas por participar de manifestações não autorizadas. EFE
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