HRW relata maus-tratos policiais sofridos por imigrantes no porto de Calais
Paris, 20 jan (EFE).- Os imigrantes que esperam no porto francês de Calais para tentar atravessar o Canal da Mancha em direção ao Reino Unido sofrem maus tratos e abusos por parte da polícia, segundo denunciou nesta terça-feira a ONG Human Rights Watch (HRW).
As violações descritas pela HRW em comunicado incluem surras e ataques com spray aos imigrantes e litigantes de asilo que circulam pelas ruas da cidade ou que tentam atravessar o canal escondidos em caminhões.
Milhares de pessoas, a maioria do Sudão, Etiópia e Eritreia, vivem em acampamentos ou nas ruas de Calais, o que a transformou em uma das cidades mais polêmicas da França.
“Os litigantes de asilo e os imigrantes não deveriam ter de sofrer a violência policial na França, e ninguém que tenha pedido asilo deveria ser abandonado para viver na rua”, diz na nota Izza Leghtas, investigadora da Europa Ocidental na HRW.
A ONG conversou com 44 imigrantes entre novembro e dezembro do ano passado. Os entrevistados mencionaram de “abusos rotineiros” a acusação de policiais. Dezenove deles, incluindo dois menores, admitiram ter sofrido esse tipo de abusos, como surras, e oito deles apresentavam ferimentos visíveis.
A França só acolhe um terço das pessoas que pedem asilo no país, assinala a ONG, que lembra que em dezembro de 2013 pelo menos 15 mil pessoas o tinham solicitado e estavam na lista de espera para encontrar vaga em algum centro.
O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, reagiu em comunicado à denúncia da HRW e acusou a ONG de “não ter verificado as alegações de violência policial”.
“A gravidade das acusações públicas contra as forças da ordem formuladas no documento deveriam ter levado a associação a escutar os responsáveis da polícia sobre fatos precisos ou a informar os serviços competentes” se tivessem obtido provas, garantiu Cazeneuve.
Sobre a situação em Calais, o ministro lembrou que mais de 400 imigrantes presentes na cidade solicitaram asilo na França desde setembro e foram levadas a um alojamento, normalmente um mes depois do pedido.
Cazaneuve explicou que desde 15 de janeiro o Centro Jules Ferry acolhe litigantes durante o dia e que também foi disponibilizado um mecanismo de alojamento nos dias mais frios. EFE
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