Humala muda gabinete para encarar desafio da insegurança

  • Por Agencia EFE
  • 24/06/2014 20h13

Carmen Jiménez.

Lima, 24 jun (EFE).- A insegurança da população no Peru se transformou no principal calcanhar-de-aquiles do presidente Ollanta Humala, que, para tentar enfrentar esta questão, trocou pela sexta vez o ministro do Interior, desta vez por Daniel Urresti, recebido com críticas pela oposição por causa de seu perfil militar.

Humala fez a segunda mudança no gabinete este ano. Além de Urresti, ele também nomeou Gonzalo Gutiérrez para a pasta de Relações Exteriores e José Gallardo, até então ministro dos Transportes e Comunicações.

A pouco mais de um mês do início do quarto ano de governo e com uma economia em desaceleração, Humala decidiu oxigenar o gabinete exatamente quando a insegurança é a principal causa da alta desaprovação de sua gestão (que passou dos 75%), segundo uma pesquisa divulgada essa semana.

A passagem de seis ministros na pasta do Interior na gestão de Humala evidencia a dificuldade do governo de encontrar um rumo para solucionar a questão.

Para substituir Walter Albán, Humala recorreu a um antigo colega de exército, Daniel Urresti, general reformado que até ontem era delegado de Assuntos de Formalização e Interdição da Mineração Ilegal.

O perfil do novo ministro, o terceiro militar à frente desta pasta no governo de Humala, é muito diferente do de Albán, defensor público entre 2000 e 2005 e bem mais ligado à defesa dos direitos humanos.

As primeiras críticas a esta nomeação não demoraram, e partiram tanto do fujimorismo, a principal força da oposição, como do aprismo, que questionaram a idoneidade do novo ministro.

O líder do partido peruano Força Popular, Keiko Fujimori, afirmou que as credenciais do novo ministro preocupam: “Espero que atue com inteligência, além de força, para lutar contra a criminalidade. Esperemos que na, sexta tentativa, (o governo) consiga”.

O novo ministro menosprezou as críticas e garantiu que atuará com respeito aos direitos humanos.

Urresti também anunciou uma luta frontal contra a criminalidade e afirmou que chegou o momento de “recuperar a esperança” no combate ao crime organizado.

Para a chancelaria, Humala optou por um diplomata de carreira, Gonzalo Gutiérrez, embaixador do Peru na China e vice-chanceler no segundo governo de Alan García (2006-2011).

Por outro lado, a renúncia de Carlos Paredes, à Transportes e Comunicações, justificada por motivos pessoais, surpreendeu, pois era o único ministro que, junto com o de Economia, Luis Castela, e o primeiro-ministro, René Cornejo, estava no gabinete desde 2011, quando Humala chegou à presidência.

O economista José Gallardo, ex-diretor do Banco Central de Reserva, é o novo ministro dos Transportes e Comunicações, e terá a responsabilidade de conduzir grandes projetos de infraestrutura.

Mas para os peruanos o principal problema do país é o aumento da criminalidade e a insegurança, segundo todas as pesquisas.

Apesar do governo de Humala ter tentado minimizar esse problema, o próprio Alban, que durou apenas sete meses no cargo, reconheceu recentemente que a criminalidade aumentou no Peru.

Mas minimizou que o último relatório do Instituto Nacional de Estatística e Informática (Inei) tenha mostrado que 37,6% da cidadania afirma ter sido vítima de um crime, embora a “percepção” do aumento desta questão seja de 87,8% da população.

Mas, além da luta contra a insegurança, o novo ministro Urresti terá o desafio de combater a corrupção policial, uma das grandes marcas da instituição, e o narcotráfico. EFE

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