Húngaros contrariam governo e recebem refugiados de guerras no Oriente Médio

  • Por Agencia EFE
  • 08/08/2015 18h37
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Budapeste, 8 ago (EFE).- Enquanto o governo da Hungria constrói muros para conter a imigração ilegal, muitos húngaros se organizam para amenizar a situação dos milhares de refugiados que chegam ao país fugindo dos conflitos na Síria e no Afeganistão.

O primeiro-ministro, Viktor Orban, disse recentemente que a União Europeia (UE) não defende a Hungria das massas de imigrantes ilegais que “ameaçam a identidade europeia e contribuem para o crescimento do terrorismo, desemprego e crime no continente”.

O governo húngaro adotou várias medidas legais para dificultar o pedido de asilo no país e começou a construir uma cerca de 175 quilômetros de extensão na fronteira com a Sérvia, por onde entra a maior parte dos imigrantes.

Há alguns anos, o fenômeno era apenas residual, com somente centenas de solicitações. Neste ano, porém, já foram registrados mais de 100 mil pedidos de asilo. Muitos não esperam nem que os casos sejam solucionados e seguem caminho rumo ao norte, para países mais ricos como a Áustria, Alemanha e Suécia.

O governo, então, acelerou a construção do muro, que deve ficar pronto até no fim desse mês. Além disso, aprovou leis que permitem que os refugiados sejam devolvidos a seus países de origem.

Contrariando o governo, muitos húngaros tentam oferecer alguma ajuda às pessoas que chegam ao país fugindo dos conflitos no Oriente Médio. Em cidades como Budapeste, Szeged, Debrecen ou Cegled, milhares de voluntários se mobilizaram de forma espontânea para fornecer alimentos, roupas, intérpretes e até mesmo brinquedos para as crianças que chegam ao país.

“Somos pessoas que não estão dispostas a odiar e que querem ajudar”, disse à Agência Efe Zsuzsanna Zsohar, uma das organizadoras da organização “Migration Aid”, que conta com mais de 6 mil membros em um grupo montado do Facebook.

Uma das tarefas mais importantes realizadas pelos voluntários, que só contam com recursos próprios, é a tradução de documentos oficiais do governo para as línguas dos refugiados.

“Os imigrantes simplesmente não têm informação, já que as autoridades não contam com intérpretes suficientes e o sistema está sobrecarregado”, disse Zsohar.

No último fim de semana, membros do grupo se fantasiaram de super-heróis e personagens conhecidos do cinema para entreter as crianças refugiadas em um parque de Budapeste.

“Em muitos casos, a principal ajuda é simplesmente se sentar e conversar com eles”, explica a responsável pelo “Migration Aid”.

Outra resposta dos cidadãos foi questionar a posição antimigratória do governo através do humor. Esse foi o caminho escolhido pelo chamado “Partido do Cachorro de Duas Caudas”, que perde desculpas aos refugiados pelas atitudes do primeiro-ministro.

“Sobrevivi à campanha anti-imigrantes do governo”, indica um dos cartazes exibidos no centro de Budapeste. Todos eles foram escritos em inglês para facilitar o entendimento dos estrangeiros.

No entanto, a postura crítica é adotada por uma minoria no país. Segundo recente pesquisa feita pelo instituto “Szazadveg”, 70% dos entrevistados concorda com as medidas propostas pelo governo. EFE

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