I Grande foi motor de mudanças sociais no Reino Unido

  • Por Agencia EFE
  • 27/07/2014 11h42

Viviana García.

Londres, 27 jul (EFE).- A I Guerra Mundial (1914-1918), um dos conflitos mais sangrentos da história, foi o motor de mudanças sociais no Reino Unido, com um maior protagonismo da mulher, destacou à Agência Efe o professor David Stevenson.

A Grande Guerra entre aliados e as potências centro-europeias chegou ao Reino Unido em 4 de agosto de 1914, em um momento em que o país vivia um crescente mal-estar da população por assuntos relacionados a emprego e acesso da mulher ao voto. O conflito também acendeu o sentimento anti-alemão, até o ponto de a família real mudar de nome para Windsor, em julho de 1917, por decisão do então rei Jorge V (1865-1936).

Através de uma proclamação real, Jorge V suprimiu o nome de Casa da Saxe-Coburgo-Gota, de origem alemã, por outro que soasse mais inglês, e adotou Windsor por causa do castelo que leva esse nome e está aos arredores de Londres.

Uma das influências da guerra foi o acesso pela primeira vez da mulher ao voto em 1918, e também ao mercado de trabalho. David Stevenson, especialista em história internacional da universidade London School of Economics (LSE), afirmou que é possível dizer que a I Guerra Mundial “trouxe consigo o sufrágio da mulher” antes do esperado, “apesar de no início só ser permitido para as maiores de 30 anos”.

“Durante a guerra, muitas mulheres começaram a formar força de trabalho ou alcançaram cargos muito bem pagos”, acrescentou.

Com a guerra, a população mudou, e muitas atitudes também, como a deferência com a aristocracia britânica, muito marcada no século XIX durante o período vitoriano, além do aparecimento de mais oportunidades de trabalho para a população, segundo alguns historiadores.

“Houve uma redução das desigualdades quanto a riqueza e renda, e o sistema fiscal foi mais progressista. A mortalidade infantil também foi reduzida. Contudo, em outros aspectos, o Reino Unido foi mais desigual, especialmente se forem levadas em conta as consideráveis diferenças regionais quanto ao desemprego”, ressaltou o professor.

A guerra influiu, além disso, na expansão militar do país, pois foi criada a Real Força Aérea Britânica (RAF), que anos depois seria vital nos combates contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez, o Reino Unido sofria os primeiros bombardeios aéreos alemães dos dirigíveis Zeppelin, que deixaram mais de dois mil civis mortos e feridos durante os anos do conflito.

Durante a guerra, os jornais tiveram um grande papel na hora de conseguir o apoio da população, mas isso foi feito através de um forte trabalho de propaganda incentivada pelo governo.

O conflito armado também teve, de algum modo, influência nos territórios em poder do Reino Unido, como o caso da Irlanda. Os nacionalistas da Irlanda, que colaboravam com Londres em um primeiro momento, começaram a exigir a imediata independência e se rebelaram em abril de 1916 contra a autoridade central – a chamada Revolta da Páscoa -, mas foran repelidos em poucos dias e tiveram seus autores executados pelos britânicos.

O levante, no entanto, desencadeou no caminho para o processo de independência da Irlanda em 1922, o que evidenciou a queda do império colonial do Reino Unido, que ainda foi mantido por algumas décadas, até a perda da Índia em 1947. EFE

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