Ian Paisley, figura-chave do processo de paz norte-irlandês,morre aos 88 anos
Dublin, 12 set (EFE).- O reverendo protestante Ian Paisley, ex-primeiro-ministro da Irlanda do NOrte e fundador do majoritário Partido Democrático Unionista (DUP), morreu nesta sexta-feira aos 88 anos, informou sua esposa Eileen Paisley.
Afastado da política desde 2008, o líder unionista, partidário da permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido, sofria problemas de saúde nos últimos anos e em 2012 sofreu um ataque do coração.
Em comunicado, Eileen Paisley disse que a família “está com o coração partido” pela morte de um político-chave na história da Irlanda do Norte e em seu processo de paz.
“Meu amado marido, Ian, começou seu eterno descanso esta manhã. Embora nossa grande esperança é voltarmos a nos reunir, naturalmente como família temos o coração partido. Nós o amávamos e ele nos adorava, e nossas vidas terrenas mudaram para sempre”, assinalou a viúva.
Inimigo ferrenho dos nacionalistas durante o conflito na Irlanda do Norte, Paisley também renegou o acordo de paz da Sexta-Feira Santa (1998) e, ao transformar o DUP no principal partido protestante, obrigou a renegociação de seu conteúdo.
Após o desarmamento do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês) em 2005, o reverendo forçou depois seu braço político, o Sinn Féin, a reconhecer a autoridade da Justiça e a Polícia norte-irlandesa, o que lhe permitiu finalmente compartilhar o governo com o “número dois” nacionalista, Martin McGuinness, entre 2007 e 2008.
Para surpresa de muitos, esse período foi marcado pela cordialidade entre estes dois antigos inimigos, o que incomodou muitos unionistas, e por esse motivo McGuinness expressou hoje seu pesar pelo falecimento de “um amigo”.
“Durante várias décadas fomos rivais políticos e mantivemos pontos de vista muito diferentes sobre muitos assuntos, mas no que éramos totalmente unidos foi em relação à ideia de que nossa gente era capaz de se governar melhor que qualquer governo britânico”, assinalou McGuinness.
O líder republicano, ex-comandante do IRA, destacou o trabalho efetuado por Paisley “em seus últimos tempos de sua carreira política”, que serviram, disse, para “gerar acordo” e “guiar o unionismo” até um entendimento com “republicanos e nacionalistas”. EFE
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