Ícone histórico e arquitetônico, Museu do Ipiranga deve ficar mais sete anos fechado

  • Por Thiago Uberreich/ Jovem Pan
  • 06/02/2015 12h12
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Tela de proteção e aviso de perigo de queda de revestimento ao redor do prédio do Museu do Ipiranga à época de seu fechamento Moacyr Lopes Junior/Folhapress Tela de proteção e aviso de perigo de queda de revestimento ao redor do prédio do Museu do Ipiranga

O Museu do Ipiranga é o maior retrato do descaso do Brasil com a própria história.

O fechamento do local está completando um ano e meio – vai ficar por mais 7 temporadas interditado – e a reforma esbarra na dificuldade da USP de fazer as licitações.

A proclamação da independência (cuja interpretação você ouve no áudio acima), por Dom Pedro Primeiro, glamurizada ou não, deveria estar mais próxima dos brasileiros.

A reforma

O acervo imperial, com 120 mil itens, será transferido para imóveis no bairro do Ipiranga. O processo, no entanto, ainda não começou.

O edifício do século XIX, tombado pelo patrimônio histórico, passa por um diagnóstico de estrutura.

O Museu Paulista, nome oficial, é ligado à USP. A diretora Sheila Ornstein argumenta que o restauro do prédio tem de ser minucioso.

“Desde que o museu fechou, houve um trabalho de escoramento de forros e, em seguida, nós começamos a organizar o procedimento para a retirada desses acervos”, disse Ornstein. Para a diretora do museu, com o espaço desocupado, os laudos técnicos e os projetos poderão ser concluídos para, finalmente, serem iniciadas as obras de restauro, “com a aprovação dos órgãos de preservação”, ressalta.

Já a obra mais famosa do Museu do Ipiranga, o quadro de Pedro Américo de 1888, vai permanecer no local durante a restauração.

Dificuldades

Infiltrações, problemas nos forros, nos pisos, nas pinturas e reformas equivocadas feitas nos anos 1930 comprometem a estrutura do museu.

A diretora Sheila Ornstein aponta que o restauro não tem como ser feito com o local aberto ao público.

A ideia não é fazer pequenos reparos. O edifício já se encontra num processo de degradação muito acelerado e ele chegou a um ponto em que exige um restauro completo e, mais do que isso, a modernização”, explica Sheila.

Até agosto de 2013, o museu recebia de 2 mil a 3 mil visitantes por dia: a maioria de escolas.

Além do palácio

Do lado de fora, na área do parque, que continua aberto ao público, a degradação também é nítida.

O monumento à independência e a capela imperial, onde estão os restos mortais de Dom Pedro Primeiro, são alvos de roubos.

Um ornamento que é réplica da primeira Constituição do Brasil foi furtado em julho de 2014 do local onde estão os restos mortais do imperador Dom Pedro I, no Mausoléu que fica em frente ao museu do Ipiranga (Foto: Apu Gomes/Folhapress)

Além disso margens do córrego Ipiranga não estão tão plácidas assim: falta despoluição.

A arqueóloga responsável pelo trabalho de exumação dos corpos da família real, Valdirene do Carmo Ambiel, lamenta. “Isso é péssimo. Quando você tem uma casa de cultura fechada, você impede o acesso da população ao conhecimento”

Ambiel conta ainda que até então “os remanescentes humanos dos imperadores só saíram do Monumento à Independência, que não tem nada a ver com o Museu Paulista, para os exames de tomografia realizados na Faculdade de Medicina da USP. Só que eles só ficaram por questão de horas fora do monumento”, ressalta.

O bicentenário da independência do Brasil será comemorado em dois 2022.

Se a burocracia e o descaso das autoridades ficarem para trás, o Museu do Ipiranga estará reformado daqui a sete anos e meio.

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