Identificação de outro dos 43 jovens desaparecidos reacende debate no México
México, 17 set (EFE).- A identificação de Jhosivani Guerrero, um dos 43 estudantes desaparecidos há um ano em Iguala, entre os restos mortais achados na cidade de Cocula reacendeu o debate entre o governo mexicano e os parentes das vítimas, que colocam os resultados em dúvida.
A procuradoria do país informou na quarta-feira que o exame de DNA realizado pela Universidade de Innsbruck, na Áustria, apresentava “indícios” de que um dos restos mortais correspondia a um dos 43 jovens supostamente queimados em Cocula, na fronteira com Iguala, por integrantes do cartel Guerreros Unidos.
O Instituto de Medicina Legista da universidade austríaca confirmou em comunicado a presença de restos mortais de Jhosivani, de 19 anos, entre as 17 amostras retiradas de uma bolsa com cinzas encontradas no rio San Juan, perto do aterro de Cocula.
Esse seria o segundo jovem identificado, depois da confirmação em dezembro de que um dos restos pertenciam a Alexander Mora, “utilizando a tecnologia do DNA convencional”, segundo detalhou o Instituto de Innsbruck em um boletim intitulado “Bem-sucedidos exames de DNA em restos de desaparecidos mexicanos”.
Com a nova tecnologia PEC MPS (sigla de Primer Extension Capture Massively Parallel Sequencing) foi possível identificar “perfis de DNA” para cada uma das amostras, e em uma delas os restos mortais coincidiram com o DNA “da família” de outro dos desaparecidos, Jhosivani Guerrero, indicou o comunicado.
No entanto, os parentes dos estudantes questionam esses resultados, alegando que falta “certeza” para assegurar que se trata do jovem porque os “resultados são muito baixos”, disse à “Rádio Fórmula” o porta-voz dos pais, Felipe de la Cruz.
Isso se deve ao relatório de Innsbruck apontar 72 pontos de coincidência genética entre os supostos restos mortais de Jhosivani e o DNA de sua mãe, enquanto no caso de Alexander foram 1.201 pontos em comum aos pais e aos dois irmãos.
A polêmica também gira em torno da procuradora-geral mexicana, Arely Gómez, que ontem falou de “indícios” e de uma “evidência moderada” sobre a similaridade dos restos analisados com o DNA da mãe de Jhosivani.
“Moderado é a palavra utilizada por Innsbruck para nos dizer que há uma positividade. Não damos como totalmente positivo, e por isso damos o termo de indício”, resumiu à “Imagen Radio” a coordenadora-geral de serviços periciais da procuradoria, Sara Mónica Medina.
Segundo ela, a nova técnica é “confiável” e prova disso é que foi reconfirmada a identidade de Alexander Mora entre os restos examinados.
Segundo a versão oficial do governo, os 43 jovens foram detidos por policiais corruptos e entregues a membros do cartel Guerreros Unidos, que os assassinaram e queimaram no aterro ao acreditar que eram membros do cartel rival “Los Rojos”.
Em um relatório apresentado no início deste mês, especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) concluíram que não há evidências que permitam assegurar que os jovens foram queimados nesse lugar.
O presidente do México, Enrique Peña Nieto, se reunirá na próxima quinta-feira com os parentes dos estudantes e o grupo de especialistas da CIDH com o objetivo de “somar esforços” e “alcançar verdade e a justiça”, segundo a Secretaria de Governo. EFE
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