Iêmen registra 165 civis mortos na primeira quinzena de julho
Genebra, 21 jul (EFE).- Os intensos combates no Iêmen e a impossibilidade de implantar um cessar-fogo provocaram a morte de pelo menos 165 civis dos dias 3 a 15 deste mês, o que eleva o total de vítimas não combatentes a 1.693 desde que começou o conflito.
Esta é a apuração feita pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que contabilizou 53 crianças e 23 mulheres entre os 165 mortos. Além disso, 33 pessoas morreram depois de 11 de julho, quando tecnicamente devia começar a trégua humanitária.
Em entrevista coletiva, o porta-voz do organismo, Rupert Colville, destacou que a maioria das pessoas morreu em bombardeios e as demais atingidas por morteiros ou em combates de rua. Dados do Alto Comissariado indicam ainda que desde que começou o conflito, em 26 de março, pelo menos 3.829 civis foram feridos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) possui outro registro de vítimas – civis e combatentes. Seu levantamento é baseado nos dados dos hospitais do país, muitos deles destruídos. Segundo essa apuração, até 10 de julho, 3.640 pessoas morreram e 17.302 ficaram feridas.
O Alto Comissariado também documentou vários ataques contra áreas residenciais, mesquitas e mercados, e lembrou que as ações contra civis e lugares usados por civis representam uma violação da lei humanitária internacional.
“Os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução devem ser totalmente respeitados”, ressaltou o porta-voz.
Segundo ele, também “há relatos que indicam que os rebeldes houthis recrutam crianças”, mas o número não é conhecido.
Cristoph Boulierac, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), estima que 30% dos combatentes são menores de idade, “mas essa avaliação é baseada na observação visual, não em registros concretos”.
Colville lembrou que, além do ataque à vida, os direitos à segurança, à comida, à água, os direitos econômicos, sociais e culturais dos iemenitas “estão severamente prejudicados”.
Estima-se que em 20 das 22 províncias do país o acesso à água é inexistente ou esporádico. Cerca de 1,6 milhão de meninas e meninos menores de cinco anos sofrem de desnutrição e precisam de ajuda urgente, e 80% da população necessita assistência para sobreviver.
O país vive uma crise política desde 2011, que piorou com o armamento dos rebeldes houthis (xiitas) em setembro do ano passado. Em fevereiro, os rebeldes conseguiram controlar a capital, Sana, e obrigaram o presidente iemenita, Abdo Rabbo Mansour Hadi, a exilar-se na Arábia Saudita.
No final de março, a Arábia Saudita formou uma coalizão de países árabes que bombardeiam o Iêmen desde então, o que exacerbou a já deteriorada situação da população. EFE
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