Igreja mais próxima e universal: os dois anos de pontificado de Francisco

  • Por Agencia EFE
  • 13/03/2015 11h51
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Cristina Cabrejas.

Cidade do Vaticano, 13 mar (EFE).- É nesta sexta-feira, um dia com temperatura amena em Roma, que completam dois anos desde o papa Francisco apareceu na sacada da Basílica de São Pedro e começou seu trabalho para tornar a Igreja Católica mais próxima e universal, longe do rigoroso protocolo e a excessivo centralismo romano.

Na verdade, dois anos é pouco tempo para mudar uma instituição de dois séculos de vida, mas com determinação e pequenos gestos já é possível ver sinais de transformação que Francisco quer apresentar, embora não tão rapidamente quanto se esperava.

A primeira grande novidade deste pontificado é que o futuro do governo da Igreja não está somente nas mãos do papa, nem do poder romano. Há mais de um ano, nove cardeais vindos de cinco continentes discutem a reforma da Cúria romana, para que seja mais ágil e menos burocrática.

De fato, era esperada maior rapidez nestas reformas, mas outro ponto que surgiu nestes dois anos de pontificado foi que à Igreja tem dificuldade de entrar em acordo nas questões mais relevantes e se mostra dividida. E Francisco divide. Por isso, o conselho de cardeais, o chamado “C9”, embora partindo da base de que a Cúria, o governo vaticano, necessita de uma descentralização, ainda não conseguiu entrar em acordo, e os cardeais também se dividiram na última reunião de fevereiro sobre a possível “externalização” de algumas competências as igrejas locais.

Francisco não se rende perante estes empecilhos e segue aplicando sua teoria de Igreja universal e colegial como se viu no último sínodo dos bispos. O encontro deixou de ser um mero plenário de debate para se transformar em um lugar onde os prelados de todo o mundo discutem e votam as soluções dos problemas pastorais.

Nos dois consistórios de cardeais que Francisco realizou desde que começou seu pontificado também ficou claro esse aspecto universal e descentrado que quer apresentar à Igreja. Os cardeais “representam o vínculo entre a Igreja Católica Apostólica Romana e as Igrejas particulares presentes no mundo”, como o próprio pontífice já disse.

No único documento que o papa escreveu nestes dois anos, a exortação apostólica “Evangelii Gaudium” (A alegria do Evangelho) Francisco observava que o Concílio Vaticano II já afirmava que as igrejas patriarcais e as conferências episcopais podem “dar uma múltipla e fértil contribuição para que o sentido de colegialidade se realize concretamente”.

O que mudou radicalmente nestes dois anos foi o estilo do papa, agora muito mais próximo e acessível do que seus antecessores, como afirma o cardeal hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga. Em recente entrevista ele explicou que antigamente para falar com o pontífice era preciso tramitar tudo através da Casa Pontifícia.

“Agora, é ele quem se aproxima de nós. Uma missa em Santa Marta, um cumprimento no corredor ou no elevador, um encontro antes de começar o Sínodo. Essa atitude fraterna e de amizade é algo que todos nós valorizamos enormemente”, explicou o religioso.

Em sua “casa”, a Domus Santa Marta, Francisco recebe diariamente quem pede para vê-lo. Antes, era dificílimo ter um encontro com o pontífice e tudo devia acontecer sempre em espaços preestabelecidos.

Seus amigos argentinos, os sem-teto do Vaticano, um transexual espanhol… O pequeno salão de Santa Marta é testemunha diária destes encontros nos quais o papa se mostra próximo as pessoas e não apenas dos dirigentes do mundo.

Apesar da ameaça terrorista, Francisco continua próximo de todos como no primeiro dia, andando no seu Ford Focus, no papamóvel descoberto e, sempre que pode, caminhando entre os fiéis.

Seus costumes também não mudaram. Ele almoça e janta com os demais sacerdotes em Santa Marta e eliminou alguns pequenos detalhes do protocolo como receber ajuda para se vestir ou ter de ser acompanhado por seguranças todas as vezes em que anda em Santa Marta ou pega o elevador.

Contudo, se tem algo que não mudou nestes dois anos é ele: o jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio. EFE

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