Ilan: reação sobre recuperação do País poderia ser morna, mas foi positiva
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, relatou neste sábado (18) que a recepção na reunião financeira do G-20 (grupo dos 20 países mais ricos do mundo) à retomada econômica brasileira foi mais positiva do que o imaginado. “Não que eu imaginasse uma reação negativa, mas poderia ser morna, ok, e não foi”, relatou a jornalistas ao final do encontro.
Os motivos para a retomada da atividade no Brasil, segundo Goldfajn, são as reformas e a melhora do ambiente externo. “há uma percepção de que a recuperação vem junto com esse crescimento no mundo”, disse ele, citando que esta é uma das três conclusões a que chegou após o encontro no G-20.
O presidente do BC descreveu o que falou ao grupo sobre a recuperação da economia doméstica e a queda da inflação no Brasil. “Falamos das reformas, da conjuntura com a economia se recuperando, a inflação caindo e que a percepção de risco em relação ao Brasil está melhorando. Um exemplo disso é o CDS (Credit Default Swap, um derivativo de proteção que mede a disposição do investidor de arriscar em um ativo) e dei alguns números para todos entenderem”, citou.
A primeira grande percepção sobre o G-20, de acordo com ele, é que todas as regiões do mundo indicam melhora em termos de atividade. “Todo mundo está dando sinal de que momento econômico é bom e até mais positivo do que eu esperava receber”, avaliou. Ele falou que os discursos de recuperação da atividade mundial foram bem claros e acrescentou: “não é que os riscos desapareceram, mas a ênfase mudou”.
A segunda, continuou, é a intenção de todos os países continuarem a trabalhar junto, sem rupturas. Sobre eventuais as diferenças entre a China e os Estados Unidos, principalmente em relação à abertura comercial, Goldfajn mostrou um tom tranquilo. “Não senti clima de antagonismo, mas de necessidade de conviver. Não vai ser bom para ninguém se houver conflito”, declarou.
Regulamentação global
O presidente do Banco Central avaliou que o grupo dos 20 países mais ricos do mundo dará prioridade a temas ligados ao comércio e impostos globais antes de se debruçar sobre a regulamentação. Perguntado a respeito da influência do discurso do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende a desregulamentação do mercado – inclusive o financeiro – e sobre como isso poderia reverter um processo que foi intensificado em todo o globo, principalmente após a crise de 2008 e 2009, ele disse que não vê a possibilidade de recuo na regulamentação financeira global.
Sobre a situação da maior potência mundial, que está em processo de aceleração da atividade, Goldfajn citou que houve menos ansiedade do que no passado em relação aos efeitos desse crescimento sobre a política monetária. Sobre as expectativas da maioria do mercado financeiro internacional de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) eleve a taxa de juros três vezes este ano, Ilan disse não ter “perspectiva diferente”. “Tomamos como dado o que ocorrer e a gente se adequa”, limitou-se a dizer.
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