Imigrantes de Ventimiglia se preparam para passar mais uma noite ao relento

  • Por Agencia EFE
  • 17/06/2015 19h44
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Ventimiglia (Itália), 17 jun (EFE).- Cerca de 150 imigrantes passarão mais uma noite ao relento na cidade italiana de Ventimiglia, a poucos metros da fronteira com a França, depois serem impedidos de entrar no país vizinho pelas autoridades francesas.

A situação é uma repetição de algo que vem ocorrendo desde a última quinta-feira, quando mais de cem imigrantes, provenientes principalmente da África, resolveram montar um acampamento como forma de protesto pela medida adotada pela França de maneira unilateral.

Deitados em colchões colocados praticamente junto ao mar, os imigrantes, a maior parte deles muçulmanos, lamentavam ter que passar pelo Ramadã, que começa amanhã, em “situação de miséria”.

Ontem, vários deles foram desalojados pelas forças de segurança italianas, que não repetiram a operação hoje.

No fim da tarde, cerca de 80 imigrantes, conforme constatou a Agência Efe, realizaram uma de suas últimas orações diárias. Para isso, estenderam grandes lonas brancas no chão, chamando a atenção de outras pessoas que se uniram à cerimônia.

Um dos jovens imigrantes relatou a viagem de Chade à Líbia, onde acabou sequestrado na cidade de Trípoli. Ele só conseguiu se salvar graças a um pagamento de US$ 2 mil feito por seu pai.

“Eu conseguia escutar os gritos das pessoas em outras celas. Elas eram torturadas praticamente até morrerem”, afirmou.

Enquanto isso, um grupo de oito homens chegava vindo da estação de Ventimiglia, onde outros 200 imigrantes aguardam a reabertura das fronteiras para retomar a viagem.

No local, a Cruz Vermelha estabeleceu um ambulatório e instalou uma série de duchas e banheiros químicos. No entanto, não querem permanecer na estação porque dizem que é “como estar na prisão”.

Os imigrantes esperam nessa cidade do noroeste italiano, de pouco mais de 20 mil habitantes, que a França permita sua entrada no país, já que as autoridades impuseram controles mais severos e proíbem o acesso a quem não possuir permissão de residência legal na União Europeia.

Tanto a França como a Alemanha – um dos destinos preferidos para os que fogem da África – alertaram ontem que não haverá solidariedade europeia na aceitação de refugiados se a Itália não garantir uma política de retorno de imigrantes ilegais aos seus países de origem.

Além disso, o governo francês anunciou hoje um plano para combater à crise de imigrantes no Mediterrâneo. A proposta prevê intensificar as expulsões de imigrantes ilegais e criar mais vagas para refugiados. EFE

gsm/lvl

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