Impacto do referendo grego na economia europeia divide analistas de mercado

  • Por Agencia EFE
  • 05/07/2015 21h47

Eva Yraola.

Madri, 5 jul (EFE).- O impacto que o referendo grego pode ter nas bolsas de valores, nas taxas de risco e a recuperação econômica divide os analistas de mercado, que não descartam que o “não” seja o prelúdio de um apocalipse na zona do euro.

As perguntas são até simples, mas difíceis de serem respondidas: aumentará a desconfiança dos investidores sobre a Europa? Subirão as taxas de risco? As bolsas afundarão, com a diminuição dos investimentos devido ao medo do perigo de “contágio”? O crescimento econômico será freado e o desemprego crescerá?

Poucos se atrevem a fazer um diagnóstico definitivo, mas os analistas concordam que haverá, sim, uma ligeira alta nas taxas de risco e moderadas quedas na bolsa, assim como um prolongado período de volatilidade nos preços dos ativos e de muita incerteza.

Mas isso não é necessariamente ruim, nem o prelúdio de um período de vacas magras, como avalia o megainvestidor americano George Soros: o dinheiro é feito para descartar o óbvio e apostar no inesperado.

Além disso, o peso da economia grega na Europa é muito pequeno – menos de 2%. Por isso, o prejuízo seria mais em termos de reputação do que um risco para quebrar um projeto – a União Europeia (UE) – que até então parecia blindado.

Os investidores consideram o caso da Grécia único ou um sintoma de um fracasso que afeta toda a zona do euro?

Carlos Fernández, analista da consultoria XTB, acredita que se a Grécia deixar a moeda única ocorrerá um aumento das taxas de risco, como consequência da maior incerteza dos investidores e do medo pelo possível “contágio” aos países do sul do continente.

A alta, no entanto, seria passageira devido ao respaldo do Banco Central Europeu (BCE).

Nas bolsas, o normal é que quedas sejam registradas após o “não”, mas os analistas acreditam que elas serão moderadas já que os investidores reagiram dessa forma após a convocação do referendo. A volatilidade aumentará até que fique claro o que irá ocorrer com a dívida grega e as condições sobre esse processo.

O “sim” era preferido pela maioria dos especialistas, porque teria sido o sinal de que as negociações seriam retomadas nos termos gerais planejados pelo Fundo Monetário Internacional, o BCE e a UE, indica o banco de investimento japonês Nomura.

No que diz respeito à permanência da Grécia na zona do euro, o Bank of America Merrill Lynch (BOAF) afirma que esse seria o caminho mais provável em caso de vitória do “sim”. De qualquer forma, recuperar a estabilidade econômica do país seria um “desafio muito complicado”.

Mais difícil será evitar o “Grexit” com o triunfo do “não”, embora a instituição financeira americana reconheça que a situação não é tão ruim como em 2011, no tocante aos efeitos sobre a economia do conjunto do euro.

Em nível mundial, destaca o BOAF, se Wall Street espirrar o mundo inteiro se resfria. No caso da Europa, os investidores se limitam a desejar “saúde”.

Mais cautelosos e de olho já no terceiro trimestre do ano estão os analistas da Saxo Bank, que acham que a estabilidade econômica dos países da periferia europeia – Itália, Espanha, Portugal e, inclusive, a França – “está por um fio” e projetam um cenário de enorme incerteza. EFE

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