Incerteza e abandono se espalham por Katmandu após terremoto

  • Por Agencia EFE
  • 27/04/2015 16h53
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Noemí Jabois.

Katmandu, 27 abr (EFE).- Milhares de pessoas se amontoam no maior espaço aberto de Katmandu, entre barracas improvisadas, a incerteza sobre o que vai acontecer e o sentimento de abandono perante a falta de ajuda por parte das autoridades.

No acampamento de New Road na capital nepalesa, milhares de pessoas agradecem ao sol da manhã após ter passado a noite sob roupas e cobertores entrelaçados de qualquer maneira com as quais, a duras penas, suportaram a chuva.

Estão ali desde sábado passado, quando o terremoto de 7,8 graus fez tremer as entranhas do vale central do Nepal e deixou, até o momento, mais de 4.000 mortos e milhares de feridos, um número que ninguém dúvida que ainda aumentará consideravelmente.

“Não há ajuda do governo. O exército está nos dando água, mas para consegui-la, é preciso ficar na fila durante horas”, lamentou à Agência Efe Manoj Sah, um residente de origem indiana.

Sah contou que as pessoas estão sobrevivendo com macarrão e com o que podem conseguir aqui e ali, enquanto os preços dos alimentos dispararam e já custam o dobro.

Além disso, os poucos banheiros públicos instalados são insuficientes e em muito pouco tempo ficaram inutilizáveis.

A falta de comunicação devido à queda do serviço de telefonia em praticamente todo o país também impediu Sah de saber como podia recorrer à evacuação organizada pelas autoridades de seu país.

“Sabemos que a Índia está mobilizando seus cidadãos, mas não temos celulares e não sabemos o que fazer porque não há comunicações”, disse.

Na cidade muitos edifícios ainda estão de pé, mas uma revisão mais próxima revela fendas e danos em estruturas que servem para justificar o temor de um desabamento.

Não há forma de deslocar-se em veículo e as lojas estão fechadas, enquanto as poucas que abrem são facilmente identificáveis vendo o tumulto em frente a elas.

Diante do hospital BIR, o principal de Katmandu, uma dúzia de corpos mal cobertos estão posicionados em fila sem que ninguém lhes dê atenção.

Suram Gurung, um médico voluntário que esteve ali desde os minutos seguintes ao terremoto, disse que hoje já chegaram menos feridos, entre 10 e 12, enquanto ontem o número era de mais de 100.

As estruturas do hospital estão danificadas até o ponto que no quarto e no quinto andar há fendas e os médicos se negam a subir para atender os feridos que se encontram ali, revelou Gurung.

No entanto, no meio da tragédia generalizada, Gurung destacou que hoje chegou uma menina ao hospital que, após permanecer um dia e meio sob os escombros, se encontra “muito bem”.

Ao redor dessa zona da capital, pequenos grupos de cerca de 20 pessoas decidiram estabelecer-se longe o bastante de suas casas para que essas não caiam sobre suas cabeças e suficientemente perto para espantar ladrões que tentam tirar proveito das circunstâncias. EFE

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