Indignação no Peru pela participação de crianças em brigas tradicionais

  • Por Agencia EFE
  • 27/12/2014 21h49
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Lima, 27 dez (EFE).- A divulgação de vídeos onde se aprecia a participação de crianças e adolescentes no Takanakuy, uma tradição de Cuzco que consiste em travar um duelo para resolver diferenças passadas, causou indignação no Peru por causa da violência e dos golpes que se propinam.

A educadora do Instituto de Formação para Adolescentes e Crianças Trabalhadores (Infant), Yesenia Huamanñaui, lamentou na “Rádio Programas del Perú” que a tradição do Takanakuy (bater no outro, em quíchua) tenha se espalhado nos últimos anos até envolver crianças de pouca idade.

Huamanñaui explicou que a participação de crianças no Takanakuy é recente, já que só os homens adultos participavam na origem, e mais tarde também incluiu brigas entre mulheres adultas.

“Efetivamente há uma situação de violência. É complexo. Trata-se de limar asperezas, mas a ideia é que não seja através dos golpes”, disse a educadora.

O Ministério da Mulher e Povoações Vulneráveis lembrou na sexta-feira em comunicado que o Takanakuy afeta o desenvolvimento das crianças e adolescentes e seu desenvolvimento vai “contra o princípio do interesse superior da criança”.

“Apesar de o Estado respeitar práticas culturais, estas situações poderiam ter um efeito imediato na vida emocional das crianças, e inclusive pode ser causa de estresse pós-traumático”, explicou o comunicado.

O Ministério reiterou seu compromisso em erradicar toda forma de violência desde a infância e eliminar o castigo físico como forma de educação.

O Takanakuy é tradicional da província de Chumbivilcas (Cuzco), e se celebra no dia do Natal, quando os moradores travam uma série de duelos para resolver com pancadas os problemas surgidos durante anos, sob a condição de esquecer as desavenças uma vez que termine a briga e manter o bom ambiente da comunidade.

Devido à imigração de Cuzco para Lima e Arequipa, as brigas do Takanakuy também são realizadas nestas cidades no dia do Natal e em outras festividades especiais. EFE

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