Indústria deve registrar quarto ano seguido de queda no emprego, prevê IBGE
O fraco desempenho do mercado interno é a principal causa para o resultado do emprego na indústria no período de 12 meses até agosto. O contingente de assalariados na atividade encolheu 5,1% no período, a maior queda já observada na série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desta forma, a indústria brasileira caminha para ter o quarto ano de retração no emprego.
O resultado até agosto supera o obtido em dezembro de 2009, quando o pessoal ocupado na indústria diminuiu 5,0% no acumulado em 12 meses, reflexo da crise internacional iniciada em 2008. “É um ajuste muito intenso. A grande diferença está no mercado interno, que naquele momento ajudou alguns setores a retomar trajetória positiva. Agora, o mercado interno está marcado por incertezas, com mercado de trabalho menos favorável do que em anos anteriores, além do crédito mais caro e mais escasso”, explicou o gerente da Coordenação de Indústria do instituto, André Macedo. O que chama mais atenção ainda é que o recorde de queda deve ocorrer sobre retrações anteriores.
A produção industrial, igualmente, caminha para o quarto resultado negativo. “Não podemos pensar o mercado de trabalho sem relacionar à produção, que já vem há algum tempo mostrando trajetória descendente. Há um comportamento extremamente disseminado e uma sequência importante de quedas”, afirmou.
Segundo Macedo, o quadro atual é mais grave justamente porque o mercado de trabalho está em desaceleração. Com alta do desemprego e queda nos rendimentos dos trabalhadores, a demanda se retrai, afetando não só a indústria, mas também outros setores como comércio e serviços. Tal comportamento incentiva novas dispensas.
Para os próximos meses, o cenário não é nada animador, já que o número de horas pagas segue encolhendo. Esse indicador é tido como um antecedente sobre o apetite dos empresários em ampliar o contingente de trabalhadores. Além disso, o valor real da folha de pagamento também está diminuindo, em função do menor poder de barganha dos empregados nas negociações salariais. “A perspectiva de contratações não é das melhores, e não poderia ser diferente com produção em queda”, afirmou o gerente do IBGE.
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