Indústria em Marcha Lenta: crise do setor automobilístico

  • Por Jovem Pan
  • 25/05/2015 08h53
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Governo do Estado do Rio de Janeiro/Divulgação/05.04.2017 GERJ Falta de peças diminuiu produção de carros no Brasil

A partir desta segunda-feira (25), a Jovem Pan apresenta a série de três capítulos “Indústria em marcha lenta”. Na primeira parte, a repórter Jovem Pan Helen Braun trata sobre a rápida desaceleração da indústria automotiva no Brasil.

Atualmente, 250 concessionária fecharam e 12 mil funcionários foram demitidos. A crise na indústria automobilística no ano de 2015 no Brasil não se limita às fábricas – afeta também o comércio e os serviços.

Para não demitir, como fizeram as lojas de carros, algumas montadoras recorreram ao regime de lay-off. É o caso de Valdemar Ferreira dos Santos, um dos 798 funcionários da GM, em São José dos Campos, que tiveram seu contrato de trabalho suspenso por 3 meses. “Você não está desempregado mas também não está empregado, você não tem para onde ir”, conta.

Na planta de São Caetano do Sul, da mesma montadora, são mais de 1,7 mil em regime de layoff, e a possibilidade de férias coletivas para grande parte dos 10,5 mil trabalhadores da companhia.

Os números ruins também preocupam empresários e entidades do setor. Luiz Moan, da Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, tem uma palavra para definir o momento: “difícil. Esperamos fechar esse ano com uma queda no mercado em torno de 13%, enquanto temos agora queda de 18%”.

Críticos ao modelo econômico baseado no consumo dizem que ele se esgotou, e por isso vivemos a atual crise. Os governos Lula e Dilma ficaram marcados pelos incentivos tributários para enfrentar cenários econômicos externos ruins.

Em 2011, a presidente reduziu o IPI para veículos. Um ano depois, zerou o imposto para carros Um ponto zero – e o resultado foi animador, como lembra o coordenador do MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV, Antonio Jorge Martins. “Há 10 anos foram emplacados cerca de 1,2 milhão de carros e no ano passado foram emplacados cerca de 3,6 milhões”, expõe.

Mas como explicar o mau momento do setor, mesmo com políticas voltadas para o crescimento da produção e da venda de veículos?

A resposta pode estar no chamado “Custo Brasil”, um conjunto de fatores estruturais que não é exclusivo das automobilísticas – afeta toda a indústria de transformação e, por consequência, toda a economia. É o que explica Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil. “O diagnóstico disso é muito claro. A indústria de transformação, que é o motor do desenvolvimento, perde participação do público porque perde competitividade sistêmica”, diz.

A indústria brasileira só vai voltar a crescer quando resolver alguns de seus problemas estruturais. Essa é a opinião da diretora de Pós-Graduação do Insper e especialista no mercado automotivo, Letícia Costa. “O custo da mão-de-obra, a energia mais cara, o custo de capital é mais elevado, o imposto é mais alto, ou seja, o Brasil é menos competitivo”, enumera.

Mas, mesmo com o cenário desanimador, novas montadoras se instalaram no Brasil nos últimos anos em busca de um mercado promissor. Espalhadas pelo território nacional, elas criaram uma realidade bem diferente daquela dos anos 1960 e 1970 no ABC paulista.

No próximo capítulo dessa série especial, a Jovem Pan relembra os anos dourados da indústria automobilística brasileira e conhece onde essas novas fábricas estão se instalando.

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