Indústria em Marcha Lenta: O setor que transforma cidades
Neste segundo capítulo da série especial “Indústria em Marcha Lenta”, a repórter Jovem Pan Helen Braun fala sobre o surgimento da indústria automotiva no Brasil.
No final dos anos 1950 e início dos anos 1960, mais de 90% das fábricas de autopeças foram instaladas na Grande São Paulo e foi no estado paulista que surgiu o maior parque industrial da América Latina.
Em julho de 1963, foi lançado o Aero Willys 2600, o primeiro carro fabricado totalmente em território nacional. Era o resultado de uma política ambiciosa, que teve início com a criação do Geia – o Grupo Executivo da Indústria Automobilística. Desde JK até os governos de hoje, a indústria automotiva sempre esteve entre as prioridades.
A instalação de um polo produtivo pode transformar a economia de uma cidade, ou até de uma região. Em Gravataí, Rio Grande do Sul, região metropolitana de Porto Alegre, a chegada de uma fábrica da GM, no início dos anos 2000, fez o PIB do município ter um incremento de 208% e o PIB per capita da cidade saltar de R$9 mil para R$28 mil.
Não que Gravataí fosse pequena, mas a chegada da indústria automotiva fez a cidade crescer a um ritmo de fazer inveja à China, como conta o atual secretário da Fazenda Davi Severgnini. “Naquela época, Gravataí era o 9º município em ordem de receita no estado e em 2002 essa realidade já começou a mudar, porque até 2012 cresceu em média 14% ao ano”, relembra. Hoje, Gravataí tem a 6º economia do Rio Grande do Sul.
A fábrica da GM corresponde hoje a 58% do ICMS da cidade e o imposto é a maior receita do município, mas esse nível de dependência econômica nem sempre é benéfico. Em tempos de crise, a cidade, a indústria e, até mesmo, o comércio podem ser afetados. É o que explica o dono de loja e diretor da Associação Comercial de Gravataí, Volmir Nunes. “A gente está tentando negociar aluguel com proprietário de loja, tudo que dá pra negociar nos estamos tentando, porque o próximo passo é partir para demissão. As vendas despencaram e a gente está sem saber para onde vai”, diz ao fazer referência àqueles que perderam ou ainda podem perder seus cargos na indústria. A GM estudou extinguir todo um turno de produção, o que poderia deixar, direta ou indiretamente, 3 mil desempregados. No entanto, um acordo manteve o trabalho dos funcionários.
Ouça reportagem completa no áudio acima.
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