Inovação, o grande desafio contra o arrefecimento na A.Latina

  • Por Agencia EFE
  • 05/06/2015 14h24

Paris, 5 jun (EFE).- A educação, a formação, mas sobretudo a inovação, surgiram nesta sexta-feira no Fórum Econômico Internacional sobre a América Latina e o Caribe como os principais desafios que a região enfrenta em relação ao arrefecimento atual e para se criar um novo modelo de desenvolvimento sustentável.

O primeiro que pôs o dedo na ferida foi o secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mexicano Ángel Gurría, que alertou que “muitos países” latino-americanos estão ficando para trás em matéria de reformas, assim como em educação e formação da mão de obra.

Para ilustrar esse atraso, assinalou que um aluno latino-americano de 15 anos tem resultados acadêmicos equivalentes a um estudante médio da OCDE com dois anos e meio menos de escolaridade.

A inovação na América Latina representa 13% do capital, quando entre o conhecido como “clube do mundo desenvolvido” ela representa 30%.

Gurría advertiu, além disso, que o continente gasta “pouquinho” em inovação e ressaltou que essa despesa é dos governos, quando “deveriam ser das empresas”.

O presidente da Costa Rica, Luis Guillermo Solís, embora tenha admitido que a “América Latina seja uma região diversa, onde não há um, mas vários caminhos”, ressaltou a importância de apostar em um desenvolvimento sustentável que requer um novo enfoque sobre coesão social – não limitada à redução de desigualdades – e sensibilidade com o meio ambiente.

Ele opinou que “investir em educação e inovação é o meio mais eficaz” para consegui-lo, como também a sustentabilidade ambiental, na qual deu como exemplo seu país, que há décadas assumiu que “não há contradição” entre desenvolvimento econômico e proteção do meio ambiente.

A secretária de Estado de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação espanhola, Carmen Vela, explicou que o segredo para que a pesquisa reverta na economia é criar “ecossistemas de inovação” adequados às particularidades de cada país.

“Em pesquisa não existe uma única ferramenta para todos os territórios. Cada país tem que fazer seu modelo de inovação, nunca vale a cópia. A inovação é o contrário da cópia”, disse Vela.

A América Latina cresceu somente 1,1% no ano passado, o que significou que pela primeira vez em dez anos a alta de seu Produto Interno Bruto (PIB) tenha sido inferior a da OCDE (1,8%).

Essa perspectiva deveria se repetir em 2015, já que enquanto o mundo desenvolvido aumentará sua atividade em 1,9% – segundo as previsões da organização – na América Latina a ascensão se limitará a 1%, por causa sobretudo de Brasil, Argentina e Venezuela, os três em recessão.

A situação será diferente em outros Estados supervisionados pela OCDE, que estima uma progressão de PIB de 2,9% no México e no Chile, de 3,4% na Costa Rica e de 3,6% no Peru, enquanto na Bolívia, segundo seu ministro da Economia, Luis Alberto Arce, o crescimento será de 5%, o maior da América do Sul.

As principais ameaças que, de acordo com a OCDE, poderiam obrigar a revisar para baixo essas expectativas são a volatilidade financeira que possa ser derivada do endurecimento da política monetária anunciada pelo Federal Reserve (Fed) e também episódios de instabilidade política.

Os autores do relatório de perspectivas avisaram que “em vários países a credibilidade e a confiança nos governos e instituições enfraqueceu” e isso “pode diminuir” o apoio político para os ajustes que tornem a dívida sustentável.

Por isso, não é estranho que no discurso de encerramento do fórum, o presidente costa-riquenho tenha assinalado que “a confiança constitui um elemento fundamental” na economia atualmente e que “também é o novo nome da democracia”. EFE

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