Insegurança e desigualdade preocupam jovens latinos, dizem especialistas

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 15h26

Madri, 6 mai (EFE).- A insegurança e a desigualdade são dois dos principais fatores que inquietam a juventude da América Latina na atualidade, analisaram nesta quarta-feira especialistas em um evento realizado na Casa de América, em Madri (Espanha).

“A desigualdade é a marca registrada da América Latina”, disse o brasileiro Paulo Speller, secretário-geral da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) para a Educação, a Ciência e a Cultura, que lembrou, no entanto, que nos últimos anos a região tem vivido “um processo de crescimento impressionante” no quesito educacional.

Durante o Fórum América Latina Global, que começou na última segunda-feira e segue até amanhã e que conta com o apoio do Fórum Econômico Mundial, foi debatido hoje a situação dos jovens na América Latina e os desafios que enfrentam.

Alejo Ramírez, secretário-geral da Organização Ibero-Americana de Juventude (OIJ), situou “a violência e insegurança” como o principal foco de preocupação dos jovens latino-americanos, e ressaltou a desigualdade existente “não só no desenvolvimento, mas no investimento social” nestes países.

Os cidadãos com idades entre 15 e 29 anos representam 25% da população da região e a eles “só é destinado 10% do investimento social”, que alcançou quase 23% do PIB em 2014, explicou Ramírez citando um relatório deste ano.

“A América Latina é a região mais jovem do mundo” e esse público “é otimista, acredita na integração regional e é muito crítico com a educação”, acrescentou.

Vários especialistas concordaram sobre a necessidade de melhorar a educação e garantir aos estudantes o acesso às tecnologias digitais da comunicação para evitar a exclusão e o desemprego e favorecer uma maior integração trabalhista futura.

Alejandra Espinoza, jovem ativista nicaraguense de movimentos juvenis na América Latina e que participou do encontro, disse acreditar que “a democracia está ameaçada” em países como a Venezuela e a Nicarágua, e que ainda existem os “velhos fantasmas das ditaduras”.

Em sua opinião, para gerar uma mudança é preciso uma boa organização dos grupos juvenis e “uma transformação ética individual”.

Ela destacou a importância de que estes movimentos ponham “novas regras ao jogo” e mantenham a “filosofia de resistência não violenta”, como a feita até o momento na maioria dos casos.

Alejandra denunciou a ausência de “liberdade de expressão” que se reflete em países como a Nicarágua e a Venezuela em “cortes de internet” e “a vigilância no uso das comunicações”.

Ela criticou ainda a falta de resposta por parte dos governos perante casos como o da censura aos salvadorenhos e os assassinatos dos estudantes mexicanos. EFE

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