Insurgentes iniciam saída do centro de Homs, símbolo da rebelião síria
Susana Samhan.
Beirute, 7 mai (EFE).- Os rebeldes sírios começaram hoje a sair de um de seus principais redutos, a parte antiga da cidade de Homs, símbolo da resistência contra o regime de Bashar al Assad, após chegar a um acordo com as autoridades.
O governador de Homs, Talal al Barazi, explicou à Agência Efe por telefone que os insurgentes começaram a sair de manhã em vários ônibus.
No total, cerca de dois mil rebeldes, e entre eles famílias de alguns combatentes, marcharam em cumprimento ao acordo assinado no domingo pelas partes em conflito.
Até agora cerca de 800 deles abandonaram o centro de Homs e foram para Dar al Kabira, no norte da cidade, disse à agência Efe uma fonte rebelde próxima às negociações com o regime.
Os ônibus estão sendo escoltados por equipes da ONU e da polícia síria.
Entre os opositores que estão deixando a parte histórica há vários feridos em tratamentos e transportados pelo Crescente Vermelho da Síria.
A fonte ressaltou que a saída dos insurgentes da parte velha de Homs se prolongará até amanhã.
Uma vez em Dar al Kabira, existe uma regra de alojamento, comida e serviços médicos para que os insurgentes possam ficar em áreas sob controle da oposição da província.
Os rebeldes puderam levar armas leves e médias, como metralhadoras e lança-granadas.
Em troca, os insurgentes colocarão em liberdade 70 prisioneiros, entre eles um iraniano, retidos nas províncias setentrionais de Latakia e Aleppo.
A fonte opositora acrescentou que o acordo também contempla a entrada de ajuda humanitária em várias aldeias de Aleppo, como Nubel e Al Zahra, de maioria alauita, seita à qual pertence o presidente Bashar al Assad.
Um ativista vinculado à Frente Islâmica nessa província, Abu Hadifa, afirmou que a ajuda, alimentos e remédios, tinha começado a entrar nos dois povoados.
No entanto, o Observatório Sírio de Direitos Humanos denunciou que a ajuda ainda entrou em Nubel e Al Zahra, ao ser impedida por uma brigada islamita na divisa das cidades.
A ONG acrescentou que os insurgentes libertaram 15 prisioneiros leais ao regime em Latakia, que poderiam ter sido sequestrados em agosto em povoados de maioria alauita desta província litorânea por facções islamitas e pelo grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Após a saída do último rebelde da parte antiga de Homs, equipes especiais de desativação de bombas e explosivos farão a varredura da região e depois o exército a ocupará.
Com o recuo, só sobrarão insurgentes no bairro de Uaer, único ainda sob controle da oposição em Homs.
A fonte rebelde próxima a essas negociações explicou que as conversas entre os opositores da cidade e as autoridades teve a mediação de membros da ONU e representantes da embaixada do Irã.
Em fevereiro houve uma trégua humanitária, com a mediação da ONU, para retirar 1.400 civis – mulheres, crianças e idosos – da área.
A saída dos insurgentes e a entrada dos soldados dará um fim a um assédio que durou mais de 20 meses na parte antiga da cidade, um dos símbolos da oposição contra o regime de Al-Assad, iniciada em março de 2011.
A situação atual na Síria pouco tem a ver com aqueles primeiros meses nos quais Homs, conhecida como “a capital da revolução”, recebia diariamente protestos e sofreu a dureza dos bombardeios do governo entre fevereiro e março de 2012.
Agora, o país está imerso em um conflito bélico de difícil solução, com mais de 150 mil mortos em três anos, e se prepara para realizar eleições presidenciais em 3 de junho.
Em plena campanha eleitoral, os meios de comunicação oficiais sírios publicaram nesta quarta-feira fotos do presidente abraçado a sua esposa, Asma, e fazendo carinho nos filhos dos “mártires” da guerra. EFE
ssa/cd
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