Insurgentes sunitas avançam rumo a Bagdá após entrarem em Tikrit
Bagdá, 11 jun (EFE).- A ofensiva sobre o norte do Iraque dos insurgentes sunitas, liderados pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), ganhou força nesta quarta-feira depois da entrada do grupo em Tikrit, capital da província de Salah ad-Din, a apenas cem quilômetros de Bagdá.
O exército iraquiano, que bombardeia com caças as zonas controladas pelos rebeldes em Salah ad-Din, parece ser incapaz de frear os rebeldes.
Após tomar ontem o controle da segunda maior cidade do Iraque, Mossul, grupos jihadistas entraram em Tikrit, berço do ditador Saddam Hussein, onde mantêm duros confrontos com as forças institucionais.
O primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, que pediu para que o Parlamento decrete estado de emergência, afirmou que poderão combater a insurgência “sem ajuda de ninguém”, mas ao mesmo tempo pediu que população civil pegue em armas para recompor as maltratadas forças do governo.
A debandada de oficiais e altos cargos que aconteceu ontem em Mossul e na província de Ninawa levou Maliki a falar de uma “conspiração” contra o governo.
Enquanto isso, o EIIL, cada vez mais desafiador por suas últimas conquistas, proclamou que manterão o avanço em outras regiões do país.
“Com a permissão de Alá, não pararemos esta série de benditas conquistas até que Deus cumpra suas promessas ou nós morramos”, segundo o comunicado do EIIL publicado em fóruns utilizados habitualmente pelos jihadistas.
Apesar de o EIIL liderar a iniciativa dos insurgentes, líderes tribais sunitas explicaram à Agência Efe que a crise no Iraque não envolve somente este grupo jihadista, mas também outros movimentos sunitas contra o Executivo do xiita Maliki.
O xeque Mohammed al Biyari, um dos mais destacados na província ocidental de Al-Anbar, qualificou o ataque como uma “revolução popular dos iraquianos contra as injustiças que sofreram”.
As operações são dirigidas facções jihadistas que já lutaram durante a ocupação americana, que retirou suas tropas do país no final de 2011, assinalou Biyari.
De acordo com este líder tribal sunita, junto ao EIIL lutam o Exército dos Homens da Ordem Naqshabandi – uma milícia baathista leal ao ex-vice-presidente de Saddam Hussein, Izzat al-Douri; o Exército dos Mujahedins – que lutou contra os EUA, e conselhos tribais.
Abu Abdallah, conhecido ativista e blogueiro sunita, declarou à Efe que “os revolucionários têm um olho em Bagdá”, porque consideram que seu objetivo não é a divisão do Iraque em zonas confessionais, mas “manter a unidade do país com um novo regime”.
Os progressos dos insurgentes rumo à capital colocam o gabinete de Maliki, que venceu com uma maioria apertada nas eleições parlamentares de maio, em uma frágil posição. Ele continua no exercício do cargo interinamente.
O colapso das forças de segurança levou jovens de Mossul a formarem desde hoje comitês populares em alguns bairros para proteger as propriedades privadas dos saques.
Os moradores estão usando veículos blindados do tipo Humvee que foram abandonados pelas Forças Armadas quando bateram em retirada para patrulhar áreas da margem oeste do rio Tigre.
Como consequência dos combates, 500 mil pessoas foram forçadas a abandonar a cidade, alertou hoje em Genebra a Organização Internacional das Migrações (OIM).
Segundo a equipe da OIM no terreno, os deslocados internos que abandonaram suas casas não podem usar seus próprios veículos, por isso a imensa maioria foge a pé para a região próxima ao Curdistão.
Para piorar o caos interno, os jihadistas do EIIL sequestraram nesta quarta o cônsul turco na cidade de Mossul, Öztürk Yilmaz, após invadirem a sede do consulado, que fica em Al Yusaq, no sul da cidade. EFE
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