Investigação ainda está longe de esclarecer morte de Nisman, diz advogado
Buenos Aires, 19 ago (EFE).- O advogado que representa a família do promotor argentino Alberto Nisman, encontrado morto há sete meses em circunstâncias ainda não esclarecidas após denunciar a presidente Cristina Kirchner de acobertamento terrorista, criticou nesta quarta-feira a investigação da promotoria, e afirmou que ela ainda está longe de dar respostas.
“De um a dez degraus estamos no degrau menos dois”, afirmou hoje Juan Pablo Vigliero, advogado das filhas de Nisman que participam como querelantes na causa à rádio “La Red”.
A investigação conduzida pela promotora Viviana Fein não concluirá em curto prazo se Nisman se suicidou, se foi um homicídio ou se foi um suicídio induzido.
O advogado lamentou que, apesar de “constar o esforço da promotoria, o processo é um cabaré que mostra como são feitas as investigações na Argentina”, e criticou que “uma investigação deste porte esteja presa com arame”.
“As coisas fazem como se podem. Uma morte como esta, o motivo, não será descoberto de trás de uma escrivaninha porque eu leio mais ou melhor o processo, aqui é preciso ter gente trabalhando no campo”, acrescentou Vigliero.
“Se a promotoria não pode, não sabe ou não tem os meios, que o faça a justiça de instrução. Se um deles morreu e estão olhando para outro lado, que aja o Ministério Publico e o Poder Judiciário”, continuou.
Ontem, quando a morte de Nisman completou sete meses, o advogado da denúncia semeou a polêmica ao afirmar que o promotor tinha uma “vigilância paralela” de soldados do corpo da prefeitura Naval, sobre a qual não havia sido notificado, de acordo com testemunhos recolhidos pelos representantes da família em suas investigações.
Diante do pedido público de Vigliero para que esta segunda vigilância seja investigada, o chefe de Gabinete do governo, Aníbal Fernández, diminuiu hoje importância da acusação ao lembrar que o bairro onde Nisman morava, o luxuoso distrito de Puerto Madero, é protegido por esta força de segurança naval.
“Que nas ruas dessa região haja soldados não me chama a atenção, deveria ser o lógico e não de outra maneira”, afirmou hoje Fernández.
“Há uma parte do dia da morte do promotor, em que quem fala com o médico é um prefeito regional, o responsável pela segurança da área. E além disso, no departamento de Nisman também estava essa autoridade e era da prefeitura, por isso hoje não vejo dizerem coisas novas”, acrescentou.
Nisman, promotor especial da ação sobre o atentado contra a associação judaica Amia, que deixou 85 mortos em 1994, foi encontrado morto em 18 de janeiro em sua casa em Buenos Aires, com um tiro na cabeça.
Dias antes ele tinha denunciado a presidente argentina, Cristina Kirchner, e vários de seus colaboradores por negociarem com o Irã o encobrimento dos supostos responsáveis do atentado em troca de acordos comerciais. A denúncia de Nisman foi descartada pela justiça argentina em maio.
Existem fortes divergências entre a investigação oficial e a levada a cabo pela denúncia, que se inclina pela hipótese de homicídio. EFE
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