Investigado por fraude em fundos de pensão, amigo de Cunha se entrega à PF

  • Por Estadão Conteúdo
  • 27/06/2016 14h13
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Divulgação Galileo gama filho

Procurados desde a última sexta-feira (24), por desvios na ordem dos R$ 90 milhões de fundos de pensão como Petros e Postalis, os empresários Ricardo Magro e Carlos Alberto Peregrino da Silva se entregaram, na manhã desta segunda-feira (27), à Polícia Federal do Rio. Os dois eram ligados ao Grupo Galileo, investigado na Operação Recomeço, deflagrada, também na sexta, pelo Ministério Público Federal (MPF). Magro também é amigo e ex-advogado do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB).

O executivo estava nos Estados Unidos e se entregou após desembarcar no aeroporto internacional do Rio. Seu nome já integrava a lista de procurados da Interpol, após ser considerado foragido. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele cumpre prisão temporária de cinco dias e deverá prestar depoimento às autoridades que investigam fraudes e desvios de recursos dos fundos de pensão para a aquisição de títulos financeiros do Grupo Galileo.

O empresário também é dono da Refinaria de Manguinhos, no Rio, investigada por sonegação fiscal, e é ligado a uma rede de empresas offshores em paraísos fiscais revelada pelo Panama Papers. Magro tem relações políticas que serão investigadas pela operação. Além da proximidade com o deputado afastado Eduardo Cunha e com políticos do PMDB do Rio, Magro mantinha relações com Marcelo Sereno, que foi chefe de gabinete de José Dirceu quando era ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente Lula.

Além do empresário, o ex-diretor do Grupo Galileo, Carlos Alberto Peregrino da Silva, também se entregou. A prisão temporária dos dois suspeitos foi decretada pela 5ª Vara Federal Criminal do Rio, que investiga crimes de gestão fraudulenta, desvio de recursos de instituição financeira, associação criminosa e negociação de títulos sem garantia.

A operação investiga fraude na aquisição de títulos financeiros do Grupo Galileo, que administrava universidades particulares do Rio. Segundo o MPF, em 2010, o grupo emitiu títulos para a recuperação de uma universidade no valor de R$ 100 milhões. Os recursos, entretanto, não teriam sido aplicados na administração da empresa, que decretou falência cerca de três anos depois. Os procuradores ainda investigam o destino dado aos recursos desviados.

Três pessoas foram presas na operação e, entre elas, está o ex-diretor Financeiro do fundo Postalis, Adilson Florêncio da Costa. Outras dois envolvidos ainda são consideradas foragidas. Ao todo, foram expedidos sete mandados de prisão preventiva, além de busca e apreensão em 12 endereços de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Os suspeitos e outras 39 pessoas tiveram bens bloqueados no valor total de R$ 1,35 bilhão.

Além da operação sobre o Grupo Galileo, há outras sete investigações sobre o Fundo Postalis em curso no MPF do Distrito Federal. Além desses procedimentos, outros 28 investimentos realizados por fundos de pensão de empresas estatais são alvo de investigação do Ministério Público Federal. Há negócios dos fundos da Petros, Previ e da Funcef ligados às empresas Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, respectivamente. Um grupo de trabalho foi montado, na última semana, para apurar os casos, selecionados por suspeitas de irregularidades nos valores envolvidos.

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