Investimentos em bem-estar e auxílio desemprego marcam campanha eleitoral

  • Por Agencia EFE
  • 16/06/2015 18h03

Copenhague, 16 jun (EFE).- A campanha das eleições legislativas que serão realizadas na próxima quinta-feira na Dinamarca girou em torno de questões ligadas aos gastos públicos em bem-estar, a reforma do seguro desemprego e outras ajudas sociais e a política fiscal.

A primeira-ministra, a social-democrata Helle Thorning-Schmidt, apelou à melhora dos índices macroeconômicos experimentada no final do mandato para se apresentar como a fiadora do continuísmo frente a “experiências” da oposição.

A alta de 0,4% no PIB do último trimestre, a sétima seguida com crescimento; e a queda do desemprego (de 6,2% em 2011 para 4,8% atualmente) foram usados pelo governo para reafirmar o sucesso de suas políticas e anunciar a saída da crise.

O discurso triunfalista foi, no entanto, questionado por alguns analistas políticos, que lembram o papel de uma conjuntura global com taxas de juros muito baixas e o preço do petróleo em queda.

Amparada na modesta bonança, Thorning-Schmidt apresentou às vésperas da convocação de eleições um plano de investimentos de 39 bilhões de coroas dinamarquesas (5,231 bilhões de euros) até 2020.

O número é, na realidade, o resultado de 0,6% acumulado da despesa total anual, uma quantia modesta, mas que serve para o programa do governo em minoria de social-democratas e social liberais encarar o Partido Liberal, líder da oposição, que aposta no congelamento das despesas.

O líder liberal, o ex-primeiro-ministro Lars Loekke Rasmussen, defende por outro lado destinar essa verba, mais 20 bilhões de coroas dinamarquesas adicionais (2,68 bilhões de euros) procedentes de cortes em cooperação e ajudas a imigrantes, para reduções tributárias e a melhora das condições do empresariado.

Rasmussen insistiu que é preciso fazer com que o trabalho se mostre atrativo, sem especificar em quanto quer cortar o desemprego e outros subsídios, mas os exemplos aos quais recorreu em campanha para exemplificar que há gente que prefere receber uma ajuda do governo a trabalhar foram questionadas por sua falta de credibilidade.

Tanta relevância como as discussões sobre despesa e impostos estiveram relacionadas com a reforma do sistema de desemprego estipulada em 2011 pela direita com o apoio dos social-liberais, e que o governo em minoria de Thorning-Schmidt abraçou sem muitos reparos meses após criticá-la com rigidez.

A reforma, incluída em um pacote amplo de cortes, reduziu de quatro para dois anos o tempo máximo para cobrar o desemprego e duplicou, de 26 para 52 semanas, o tempo mínimo trabalhado para poder recorrer à ajuda.

Mogens Lykketoft, ex-líder social-democrata, rotulou essa reforma como “o maior ataque ao modelo dinamarquês”, e Johanne Schmidt-Nielsen, da Lista Unitária, a chamou de “catástrofe”.

O governo introduziu várias medidas corretivas ao longo do mandato, que não evitaram que mais de 50 mil pessoas tenham perdido o direito ao seguro desemprego desde 2013, um número considerável em um país de pouco mais de 5,5 milhões de habitantes e desemprego baixo.

Tanto a primeira-ministra como Rasmussen concordam que é necessário um novo acordo após o pleito, embora se refiram à sentença de uma comissão criada pelo governo que será divulgada em setembro e avisem que em nenhum caso será destinado mais dinheiro, por isso parece improvável que haja mudanças substanciais.

Legendas antagônicas como o ultranacionalista Partido Popular Dinamarquês e o Partido Socialista Popular, que até há um ano integrou a coalizão de governo, fizeram um pacto para defender que se reduza à metade o período mínimo trabalhado para se chegar ao desemprego, independentemente de quem for o primeiro-ministro. EFE

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