Invetigação por prostituição em cidade chinesa após reportagem gera críticas
Pequim, 10 fev (EFE).- A batida policial após a divulgação de uma reportagem da televisão oficial chinesa sobre prostituição na cidade de Dongguan, batizada como a “capital do sexo” da China, gerou uma inesperada campanha de apoio rumo à cidade nas redes sociais do país.
Em menos de 24 horas, Dongguan, situada no Cantão e famosa por ser uma das principais cidades chinesas da qual procedem os produtos exportados, se transformou na protagonista da imprensa e das redes sociais nacionais.
O fator detonante foi uma reportagem transmitida ontem, domingo, pela rede de televisão “CFTV” que, mediante câmeras ocultas, “denunciava” a prostituição na metrópole, algo que não é mais um segredo no país asiático.
Apesar não se tratar de um tema especialmente novo, a polícia de Dongguan desdobrou um imponente dispositivo de 6.500 soldados para registrar as supostas casas de prostituição.
Nesta segunda-feira, 12 supostos bordéis (entre eles hotéis e centros de massagens) tinham sido fechados e 67 pessoas detidas, segundo o escritório de segurança pública de Dongguan.
O mesmo secretário-geral do Partido Comunista em Cantão, Hu Chunhua (um dos 25 membros do Politburo), deu ordens estritas a respeito e dois chefes de polícia da cidade foram suspensos, segundo a imprensa oficial.
Apesar do conservadorismo da sociedade chinesa -cada vez menos palpável- em temas como a prostituição, sua mencionada expansão em Dongcheng ou a rápida resposta policial foram, entre outros fatores, os principais argumentos nas redes sociais para qualificá-la de “cínica” e “hipócrita”.
Assim, frases como “Hoje todos somos de Dongguan” foram reenviadas nesta segunda-feira até 130 mil vezes no Weibo, o Twitter chinês, sendo a segunda principal busca do dia.
Alguns perguntavam “como pode ser que mais de 6 mil policiais só detenham 67 pessoas”.
Em tom menos sério, outra cena tragicômica vivida na batida foi revelada pelo diário “China Daily” e muit falada na rede social. Duas pessoas foram detidas em um hotel e depois liberadas pela polícia após comprovar que eram casal.
“Alguém quer ainda passar a noite de São Valentim em um hotel com seu namorado?”, escrevia um usuário do Weibo.
O tom de incredulidade e crítica nas redes sociais foi interpretado hoje por um veterano jornalista chinês, Shi Feike, que escrevia em sua conta da rede social “a inesperada reação do público que ressalta o grande desacordo entre a sociedade e as autoridades”.
Localizada entre Guangzhou (capital de Cantão) e Shenzhen, a última batida policial em Dongguan -que, com uma população de menos de 10 milhões de pessoas, tem cerca de 300 mil trabalhadores sexuais, segundo a imprensa oficial- foi em 2010, com um saldo de 57 detidos mas sem o debate social surgido esta vez. EFE
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