IPCC pede corte das emissões para evitar danos irreversíveis no planeta

  • Por Agência EFE
  • 02/11/2014 10h21

Somente profundos cortes de emissões de gases poluentes podem minimizar a mudança climática e evitar danos irreversíveis, tornando o impacto das alteração razoável para a vida humana.

Essas são as conclusões do Relatório de Avaliação do Grupo Intergovernamental de Especialistas em Mudança Climática da ONU (IPCC), aprovado neste domingo em Copenhague e considerado a análise mais ampla sobre o tema, com mais de 800 autores e 30 mil artigos científicos consultados.

Para alcançar o objetivo de limitar o aumento de temperatura na superfície do planeta a dois graus até o final do século, serão necessários cortes substanciais e sustentados nas emissões nas próximas décadas – de 40% a 70% até 2050 -, com o objetivo de reduzir o índice a quase zero em 2100.

O relatório do IPCC menciona que, na atual situação, estão sendo registradas concentrações de CO2 “a níveis sem precedentes em pelo menos 800 mil anos”, aquecimento e acidificação da atmosfera e dos oceanos, redução das geleiras e aumento dos fenômenos clímaticos extremos.

Cada uma das últimas três décadas foi mais quente que a anterior. Houve uma alta de temperatura de 0,85 graus de 1880 a 2012. Enquanto isso, o nível do mar cresceu 19 centímetros de 1901 a 2010 e poderia aumentar entre 26 e 82 centímetros no final deste século.

“Muitos aspectos da mudança climática e danos associados seguirão por séculos. Os riscos de mudança abruptas ou irreversíveis aumentam e ocorrem por causa da magnitude do aquecimento”, diz o IPCC.

Os riscos estão distribuídos de forma desigual e constituem um desafio especial no caso dos países menos desenvolvidos, mais vulneráveis. No entanto, o IPCC reconheceu que eles praticamente não contribuíram para o aumento de emissões.

Embora o IPCC não estipule metas, o grupo destaca que medidas ambiciosas para diminuir a mudança climática não afetariam o crescimento econômico global. O consumo sofreria uma queda de apenas 0,06%.

Atrasar o início dessas iniciativas até 2030, segundo o IPCC, aumentaria de forma considerável os desafios tecnológicos, econômicos, sociais e internacional, aponta o relatório.

“É tecnicamente possível a transição para uma economia de baixa emissão de carbono, mas o que faltam são instituições e políticas apropriadas. Quanto mais esperemos para atuar, mais custará se adaptar e reduzir (o impacto) da mudança climática”, disse Youba Sokona, vice-presidente do grupo de trabalho.

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