Irã adia execução de jovem condenada por matar seu agressor sexual
Teerã, 1 out (EFE).- O Irã adiou por alguns dias a execução de Reihane Yabari, uma jovem de 26 anos condenada à forca por ter matado o homem que tentava estuprá-la, em um julgamento que organizações defensoras dos direitos humanos consideraram viciado, informou sua família nesta quarta-feira à Agência Efe.
“No domingo soubemos que ela tinha sido transferida da prisão e seria enforcada na segunda-feira. Felizmente, o senhor (Mostafa) Purmohamadi (procurador-geral e ministro da Justiça do Irã) conseguiu obter um adiamento de dez dias, mas que não é renovável. Sobram oito dias para que a matem”, declarou, claramente desesperada e chorando a atriz Shole Pakravan, mãe de Yabari.
O adiamento aconteceu depois de várias campanhas internacionais, apoiadas por organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch (HRW), pressionarem com questionamentos sobre as garantias e a transparência do julgamento.
“Soube que iam enforcá-la porque ela me chamou. Seu expediente não tinha chegado à promotoria. Se não é pela ligação que me fez, minha filha estaria morta agora”, lamentou Pakravan.
“A campanha de apoio” e a manifestação que aconteceu nos arredores da prisão “teve muita influência. Se muita gente pedir que salvem sua vida, mesmo que (as autoridades) sejam de pedra, o coração pode ser amolecido”, disse, esperançosa.
No domingo, Yabari, que está presa há sete anos e meio, chamou sua mãe e disse: “adeus, mamãe, amanhã de madrugada acabarão todas as dores. Lamento não ter podido aliviar sua dor. No outro mundo te verei e jamais me separarei de ti”.
As autoridades penitenciárias confirmaram à mãe que sua filha seria executada e pediram que fosse na segunda-feira retirar o corpo.
No entanto, a execução não aconteceu e a jovem foi transferida novamente da prisão de Rajaishahr, na cidade de Karaj (no oeste de Teerã), onde seria enforcada, para sua cela na prisão de Gharchack, no sul da cidade.
Yabari foi condenada a morte em 2009 de acordo com a “quesas” (lei islâmica de “retribuição”, que exige o pagamento de sangue com sangue), após ser considerada culpada de matar o médico Morteza Abdolali Sarbandi.
Segundo a versão dela, Sarbandi a contratou para ajudá-lo a decorar seu escritório e a levou a um edifício onde a estuprou, momento em que ela se defendeu com uma pequena faca, o ferindo em um ombro, mas não o matando, algo que foi feito por uma terceira pessoa.
A HRW pediu hoje às autoridades judiciais iranianas que revoguem a pena de morte e garantam um julgamento justo para Yabari.
Segundo relatório da Anistia Internacional, o Irã é, com 369 execuções, o país que mais condenados matou ano passado, sendo ultrapassado somente pela China. EFE
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