Irã e grandes potências tentam avançar para um acordo nuclear

  • Por Agencia EFE
  • 07/04/2014 11h45

Viena, 7 abr (EFE).- As seis grandes potências do mundo e o Irã iniciam amanhã, terça-feira, em Viena, uma nova rodada das negociações que buscam fechar em julho um acordo definitivo que permita garantir, após mais de uma década de conflito, que Teerã não pretende desenvolver uma arma nuclear.

A reunião, a terceira em três meses, serviria para continuar aproximando posturas e permitir que em maio os negociadores comecem a redigir os detalhes do futuro acordo final, que deveria ser rubricado daqui até 20 de julho.

Esse é o objetivo do acordo assinado em novembro de 2013, e que começou a ser aplicado em 20 de janeiro, entre Irã e o chamado Grupo 5+1, formado pelas cinco potências com direito a veto do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido) e da Alemanha.

Segundo o documento, que fixou a suspensão de certos aspectos do programa nuclear iraniano em troca de um levantamento de sanções internacionais, as partes têm seis meses, prorrogáveis, para negociar um acordo final.

“Estamos cumprindo o planejamento de trabalho. Esperamos poder começar a redigir (o acordo) em maio”, disse um alto funcionário americano em uma teleconferência com a imprensa internacional.

Os negociadores chegam a Viena “com uma visão clara dos desafios que lhes esperam e decididos a manter os progressos nestes assuntos muito difíceis”, acrescentou essa fonte.

De fato, na última rodada em Viena em 18 e 19 de março, as partes tocaram pela primeira vez assuntos concretos, depois de esclarecer os procedimentos técnicos da negociação.

Assim, os negociadores conhecem agora melhor do que nunca as posições do outro, asseguraram fontes do processo.

A comissária de Política Externa da União Europeia (UE), Catherine Ashton, coordenadora do G5+1, e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, dirigirão de novo os contatos, que se espera que terminem na quarta-feira.

Embora a cúpula só comece amanhã, está previsto que Ashton e Zarif mantenham esta noite um encontro informal, informou a agência iraniana “Irna”.

Os assuntos mais delicados da negociação continuam sendo o programa de enriquecimento de urânio e o reator de água pesada de Arak, uma instalação que produz plutônio.

O urânio enriquecido e o plutônio são dois combustíveis nucleares de uso civil, mas também essenciais para a construção de armas atômicas.

A reunião acontece em um momento de mal-estar no Irã com a UE, após a aprovação pelo parlamento Europeu, na semana passada, de uma resolução que critica a falta de respeito aos direitos fundamentais e democráticos na República Islâmica.

Vários deputados iranianos chegaram a propor o abandono das negociações nucleares em represália.

O Irã assegura que seu programa nuclear só tem intenções pacíficas, como a geração de energia e o combate ao câncer.

Por isso, a República Islâmica quer produzir seu próprio combustível nuclear, com urânio enriquecido, e seus próprios isótopos contra o câncer, com a usina de água pesada.

Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais não acreditam nessas intenções e exigem um acordo vinculativo que limite, sem proibi-lo, o programa atômico iraniano e impossibilite que Teerã se faça com um arsenal militar atômico.

Enquanto o G5+1 negocia, Israel denuncia que o Irã só pretende ganhar tempo e segue sem descartar um ataque militar contra as instalações nucleares do país, argumentando que se sente ameaçado por Teerã. EFE

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