Irã executa proporcionalmente mais indivíduos que qualquer país no mundo

  • Por Agencia EFE
  • 16/03/2015 11h10
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Genebra, 16 mar (EFE).- O Irã executa mais indivíduos -em proporção com o tamanho de sua população- do que qualquer outro país no mundo, a grande maioria por delitos relacionados com drogas, disse nesta segunda-feira o relator especial das Nações Unidas para este país, Ahmed Shaheed.

O analista apresentou hoje ao Conselho de Direitos Humanos um relatório sobre a situação no Irã. Na avaliação, Shaheed sustenta que a situação dos direitos humanos, em geral, se deteriorou, e que o país tem “mais jornalistas detidos do que qualquer outro”, presos por fazer propaganda contra o sistema iraniano ou de ofender os dirigentes do país.

O governo iraniano argumenta que não detém jornalistas, advogados ou defensores dos direitos humanos por seu ativismo, mas por atividades que ameaçam a segurança do país, explicou o relator em entrevista coletiva.

Mais da metade das penas de morte aplicadas são por casos de tráfico de drogas sem homicídio. Se há uma morte envolvida, o número de executados por tráfico de drogas representa entre 70% e 80% do total, disse Shaheed.

O relator reconheceu que o Irã enfrenta a desafios particulares relacionados com sua proximidade geográfica a importantes centros de exportação de drogas, mas também enfatizou que não há nenhuma prova que indique que a execução dos prisioneiros tem um efeito dissuasório.

Sobre as execuções por motivações políticas, o analista da ONU mencionou o caso de uma pessoa que recebeu uma doação dos Estados Unidos para um canal de televisão, que o governo iraniano considerava uma “organização inimiga”, e que foi executado no ano passado.

Shaheed afirmou que as perspectivas inclusive pioram, com propostas legislativas de endurecimento da lei em estudo no parlamento iraniano.

Uma das leis discutida agravaria a discriminação que as mulheres sofrem, enquanto outra reforçaria o controle governamental sobre as organizações da sociedade civil e partidos políticos.

Sobre as negociações nucleares que o Irã mantém com as potências do Grupo 5+1 (China, Rússia, EUA, França e Reino Unido mais a Alemanha) e suas implicações sobre os direitos humanos, Shaheed reforça o temos de ativistas que temem que um acordo possa atrapalhar a situação humanitária no país.

Uma equipe de negociadores iranianos, liderado pelo ministro de Relações Exteriores, Javad Zarif, iniciou hoje uma nova rodada de negociações nucleares com os Estados Unidos em Lausanne, a 70 quilômetros de Genebra, onde se reúne o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

A chegada ao poder no Irã, o presidente Hassan Rohani gerou esperanças de uma melhora das liberdades no país, mas Shaeed assegurou que isto não ocorreu. EFE

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