Iraque atrasa eleição de presidente do Parlamento para depois do Ramadã

  • Por Agencia EFE
  • 07/07/2014 17h54

Bagdá, 7 jul (EFE).- A sessão do Parlamento do Iraque prevista para amanhã para escolher seu novo presidente foi adiada para 12 de agosto, depois da festa do fim do mês sagrado do Ramadã, por falta de consenso, em uma nova demonstração da divisão que vive a classe política local.

A televisão estatal “Al-Iraqiya” informou que o parlamentar mais velho, Mahdi al-Hafez, que preside temporariamente a Câmara até a eleição do novo chefe, decidiu adiar a sessão, na qual se pretendia começar a designar as autoridades nacionais que deverão solucionar a crise no país.

A primeira sessão parlamentar realizada no Iraque após o pleito de abril deste ano aconteceu em 1º de julho e fracassou, já que não foi possível tomar decisões por falta de quórum e de consenso entre os blocos políticos.

Este novo adiamento foi rejeitado pelo ex-primeiro-ministro e chefe da coalizão xiita Aliança Nacional Iraquiana, Ibrahim al-Shiqr al-Jaafari, “dadas as circunstâncias enfrentadas no país, que requer que se intensifiquem os esforços e se economize tempo”.

Essa aliança, junto à coalizão curda e dos Unidos, figura entre as que ainda não decidiu o nome de seu candidato a presidente da Câmara.

Além da formação do Parlamento, que será o primeiro passo para a escolha do novo presidente da República e do Executivo, o Iraque tem outra pendência: a questão da independência do Curdistão, cujo governo hoje pediu explicações a Bagdá por bombardear regiões sob seu controle.

O ataque do exército iraquiano contra a cidade de Tuz Khurmatu, na província de Saladino (norte do Iraque), que está sob controle das tropas curdas “peshmergas” (termo utilizado pelos curdos para fazer referência a curdos armados), acarretou mais dores de cabeça ao governo de Nouri al-Maliki.

O porta-voz militar curdo, Jabbar Yawer, informou que pediram ao governo central a abertura de forma “imediata” de uma investigação sobre o bombardeio com aviões iraquianos contra um conjunto de casas dessa população.

O ataque provocou a morte de uma menina de 12 anos e ferimentos em outras oito pessoas, além de danos materiais.

Yawer exigiu justificativas dos fatos perante a opinião pública e castigo aos responsáveis da ação. Ele ameaçou com uma resposta por parte de suas tropas, “como direito a autodefesa” desse tipo de ações, que acontecem sem as medidas legais correspondentes.

Esse território caiu nas mãos curdas depois da debandada militar durante a ofensiva jihadista iniciada há quase um mês no Norte do país.

O primeiro-ministro xiita Maliki rejeitou qualquer plebiscito na região e descartou um debate sobre esse assunto, em um momento no qual as tropas iraquianas tentam conter o avanço dos insurgentes sunitas.

Por outro lado, um ataque jihadista na província de Al-Anbar, no oeste do Iraque, matou um alto comandante militar, segundo o porta-voz do Ministério do Interior iraquiano, general Saad Maan.

Trata-se do comandante da VI Brigada do exército iraquiano, general Negm Abdullah Ali, que morreu em um bombardeio de “grupos terroristas” enquanto percorria a área de Al-Karmah, perto de Faluja.

Saad Maan informou que as forças governamentais mataram 60 terroristas, feriram outros 12 e capturaram a 15 em operações efetuadas na semana passada em Bagdá.

Por sua vez, o Comando de Operações de Segurança da província de Saladino informou a morte de 25 terroristas em uma fracassada tentativa de ataque ao quartel militar de Bunker, perto de Tikrit, a capital da província.

Ao mesmo tempo, continua a habitual violência sectária no Iraque, independentemente da ofensiva jihadista além dos limites de Bagdá.

Pelo menos quatro pessoas morreram hoje e outras dez ficaram feridas no ataque de um suposto suicida com carro-bomba em um bairro xiita da capital iraquiana. EFE

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