Iraque já conta com ministros de Defesa e Interior em luta contra o EI
Bagdá, 18 out (EFE).- Os novos ministros da Defesa e do Interior do Iraque juraram seus cargos neste sábado, após mais de um mês de bloqueio político, que impediu constituir por completo o Executivo que comanda a guerra contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
A falta de consenso entre as distintas forças políticas atrasou a escolha dos responsáveis dos ministérios, que foram ocupados pelo sunita Khaled al Obeidi (Defesa) e o xiita Mohammed al Gaban (Interior).
Também tomaram posse os seis ministros curdos do gabinete, um passo importante para formar o gabinete indispensável para derrotar o EI.
Al Obeidi obteve 173 votos dos 261 deputados presentes, de um total de 328, um avanço depois que o parlamento rejeitou o candidato apresentado pelo chefe de governo, o xiita Haidar al Abadi, em meados de setembro.
Natural da cidade de Mossul, que está sob domínio do EI desde junho, Al Obeidi foi oficial do Exército iraquiano e é deputado desde abril. É membro do grupo sunita Mutahidun (Unidos), liderado pelo agora vice-presidente iraquiano, Osama al Nujaifi, cujo irmão é o governador de Ninawa.
A nomeação de Al Obeidi pode facilitar a relação com as tribos das províncias de maioria sunita, algumas das quais respaldaram o EI devido à saturação porque consideravam inflexíveis as políticas do primeiro-ministro anterior, o xiita Nouri al Maliki.
Al Gaban, que foi apoiado por 197 deputados, nasceu em 1961 em Bagdá, viveu no exílio e participou da rebelião de 1991 dos xiitas contra o regime do ditador Saddam Hussein. Hoje, é dirigente do bloco xiita Badr, integrado na Aliança Nacional Iraquiana.
Em 19 de setembro, o parlamento havia adiado indefinidamente as nomeações para Defesa e Interior, postos cercados de controvérsia no mandato de al Maliki, durante o qual não designou ministros por falta de consenso.
Os outros ministros que juraram cargos neste sábado, todos curdos, foram os de Finanças, Turismo, Migrações, Assuntos da Mulher, e Cultura. Entre eles estão Hoshyar Zebari, ex-ministro das Relações Exteriores e atual vice-primeiro-ministro, que foi eleito titular de Finanças; e Ruz Nouri Shauis, também nomeado vice-primeiro-ministro.
Os curdos fizeram objeções ao programa de governo, por isso seus ministros não juraram os cargos quando o Executivo foi constituído no dia 8 de setembro.
Após a posse dos ministros, o chefe do governo deu garantias ao parlamento de que não entrarão forças estrangeiras por terra no Iraque, tema que já discutiu com o presidente americano, Barack Obama.
Al Abadi reconheceu que o país enfrenta “verdadeiros desafios” e que a situação na província de Al Anbar, onde o EI controla amplas zonas, é “muito séria”. As forças armadas iraquianas contam com o respaldo da aviação da coalizão internacional liderada pelos EUA, que bombardeia as posições do EI.
O chefe do Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), general Lloyd Austin, disse na sexta-feira que o principal esforço da operação deve se concentrar no Iraque, mais do que na Síria, países onde o EI proclamou um califado. O general considerou que a operação está no “caminho certo” e ressaltou o papel das tropas iraquianas.
O Exército iraquiano continuou neste sábado com a segunda fase da ofensiva iniciada ontem para recuperar zonas do norte da província de Saladino, com o respaldo de bombardeios da coalizão.
Uma fonte de segurança local disse à Agência Efe que as tropas reforçaram suas posições nessa área e no rio Tigre, e conseguiram desativar mais de 50 minas explosivas. O objetivo é garantir a liberdade de movimento dos veículos na ofensiva rumo à cidade de Biji.
Biji está sob o controle do EI, mas não sua refinaria, a mais importante do Iraque e o único ponto que fora do domínio dos jihadistas no norte da cidade de Tikrit, capital de Saladino.
A aviação iraquiana bombardeou neste sábado um comboio do EI composto por 20 veículos, o que causou a morte cerca de 25 jihadistas.
Na última semana, em quase todos os dias foram registrados atentados com carros-bomba em Bagdá, principalmente em áreas de maioria xiita, que causaram uma centena de vítimas mortais.EFE
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