Iraque pede que Estados Unidos apoiem contraofensiva com ataques aéreos

  • Por Agencia EFE
  • 18/06/2014 16h32
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Bagdá, 18 jun (EFE).- O Iraque pediu nesta quarta-feira aos Estados Unidos que lancem ataques aéreos contra os insurgentes sunitas, liderados pela organização jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), cujo avanço as forças governamentais estão tentando conter por terra.

O ministro iraquiano de Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari, anunciou que Bagdá pediu formalmente a Washington que realize “ataques aéreos contra os grupos terroristas” baseando-se no acordo de segurança assinado entre ambos países.

Na cidade saudita de Jidá, onde é realizada uma reunião da Organização da Cooperação Islâmica (OCI), Zebari reconheceu que a “solução militar por si só não é suficiente” e são necessárias “soluções políticas radicais”.

O titular das Relações Exteriores assegurou que “as forças iraquianas puderam se recuperar do golpe e repelir os ataques”, desde que no último dia 10 os jihadistas tomaram Mossul, a segunda cidade do país.

O governo do xiita Nouri al-Maliki optou por solicitar ajuda americana em um momento em que os rebeldes estão se aproximando cada vez mais de Bagdá, apesar do primeiro-ministro a princípio descartar ingerências estrangeiras e disse ser capaz de solucionar a crise “com suas próprias mãos”.

Mas a fragilidade das forças governamentais se vê demonstrada diariamente com ataques como o que hoje realizaram os insurgentes contra a principal refinaria de petróleo do país, localizada perto da cidade de Biji, na província de Saladino, ao norte da capital.

As forças iraquianas mataram 40 supostos terroristas e conseguiram repelir o ataque com projéteis, que causaram um incêndio na instalação, cujos arredores foram bombardeados pela aviação iraquiana.

No entanto, seguem os enfrentamentos contra os radicais e se não chegarem reforços, os iraquianos poderiam perder o controle da refinaria, de onde foram evacuados os trabalhadores estrangeiros, segundo fontes policiais.

A situação também continua instável na cidade de Tal Afar, perto da fronteira com a Síria, no norte do país, que o Exército disse ter recuperado das mãos dos radicais no meio de confusas informações.

Pelo menos 21 jihadistas foram abatidos em Tal Afar, onde chegaram reforços, enquanto outros 21 morreram na zona fronteiriça de Al Qaem (oeste) e 15 na província de Diyala (ao norte da capital).

A esses números oficiais, dificilmente verificáveis no terreno, se somam os fornecidos por outros grupos como a Associação de Ulemás do Iraque, que denunciou a execução de 100 presos sunitas por forças governamentais em duas prisões do país.

Perante as críticas de que o acusam de fomentar o sectarismo, al-Maliki reconheceu que as diferenças políticas propiciaram “um ambiente adequado” para o atual conflito.

O primeiro-ministro prometeu vencer o terrorismo e voltou a atribuir a crise a uma conspiração do Estado Islâmico do Iraque e do Levante e partidários do falecido ditador Saddam Hussein, excluindo assim os clãs sunitas.

Por sua vez, a opositora Coalizão Nacional iraquiana, do ex-primeiro-ministro Ayad Allawi, pediu a todas as partes em conflito que deixem as armas e iniciem um diálogo para estabelecer um roteiro, com um governo de união nacional, “antes que seja demais tarde”.

No exterior, vários países da região expressaram hoje de nova sua preocupação pela política e a falta de segurança no Iraque.

Os Emirados convocaram seu embaixador no Iraque, Abdullah al Shahi, pela crise e “a continuação das políticas excludentes e sectárias contra o povo iraquiano”, que atribuiu a al-Maliki.

Além disso, condenou o terrorismo do EIIL e de outros grupos, e rejeitou a ingerência estrangeira no Iraque.

Essa reação emiratí se produz justo depois que nos últimos dias a Arábia Saudita criticou a gestão de al-Maliki.

Precisamente, o ministro saudita das Relações Exteriores, Saud al-Faisal, advertiu hoje em Jidá sobre os efeitos de uma guerra civil iraquiana na região e opinou que a crise síria aumentou as tensões internas no Iraque. EFE

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